quinta-feira, 28 de junho de 2007

PARTICIPAÇÃO RESPONSÁVEL É PRECISO...

“Tendo em conta o debate que tem ocorrido nos últimos meses sobre os vários cenários relativos à construção ou não de um novo aeroporto na região de Lisboa e considerando a informação divulgada publicamente até ao momento , a Quercus – ANCN - e a Alambi – Associação para o Estudo e Defesa do Ambiente do Concelho de Alenquer entendem ser fundamental emitir uma posição conjunta sobre esta matéria. (…) Em termos de enquadramento é importante frisar que a construção de uma infra-estrutura desta natureza tem sempre impactes enormes em diversos parâmetros, particularmente no que concerne aos referentes à área ambiental. É, por isso, imperativo que o debate, reflexão e tomada de decisão decorra num ambiente de total transparência, participação e fundamentação técnica assente na disponibilização e análise de informação que permita ter uma visão clara das várias hipóteses e dos impactes subjacentes em cada uma. No entender da Quercos e da Alambi este contexto não existe neste momento, havendo o circular de palpites, interesses e preferências, sem que estejam disponíveis muitos dos dados fundamentais para a análise.
Todas as localizações têm enormes impactes pelo que a opção por uma ou por outra deverá ser bem fundamentada (…)”.
Artigo também publicado em: Pasquim do Povo

quarta-feira, 27 de junho de 2007

A FELICIDADE EXIGE VALENTIA...

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que a minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas.
Um dia vou construir um castelo…”
In: Fernando Pessoa

domingo, 24 de junho de 2007

A MULHER NA SOCIEDADE GLOBAL

Reflectir sobre o papel da Mulher, em particular na área do Emprego, é para toda a comunidade, que se quer mais Humana e Solidária, tarefa indispensável na construção de um Universo cujos obreiros pautem a sua existência por Ser e Estar em condições de Igualdade, Liberdade e Fraternidade.
Portugal é hoje um país, volvidos que são os escassos 33 anos de derrube de um sistema político ditador e inibidor do desenvolvimento da Dignidade Humana e Consciência Colectiva, em plena transformação social, apesar de a um ritmo menos acelerado que o progresso e desenvolvimento à escala Europeia.
No entanto, o problema da discriminação no mercado de trabalho é um problema que, reconhecidamente, ainda subsiste, não só em Portugal, como um pouco por todo o mundo.
Tal facto é demonstrado pela persistente diferença entre as taxas de desemprego das Mulheres e Homens, aquelas significativamente acrescidas, bem como pelo facto de ainda se registarem ganhos médios das Mulheres significativamente inferiores aos dos Homens.
O combate à segregação no mercado de trabalho é, neste contexto, uma aposta que se vem concretizando em Portugal, através da criação e implementação de medidas de descriminação positiva que reforcem a participação das Mulheres no emprego, paralelamente ao reforço da informação e controlo da legislação nacional e comunitária neste domínio, a par de todo um conjunto de medidas tendencialmente fomentadoras e impulsionadoras de uma maior Inclusão Social.
Outra dimensão importante para a promoção da Igualdade de Oportunidades é a questão da Conciliação entre a vida familiar e a vida profissional.
Também neste domínio é possível e urgente a criação de uma sociedade mais Solidária e Igualitária.
Neste contexto apesar do visível aumento da cobertura do nosso País em equipamentos de apoio à infância e aos idosos, bem como a melhoria da facilidade de acesso aos serviços de proximidade, enquanto elementos chave de uma intervenção facilitadora da conciliação entre trabalho e família, muito há, também, ainda por fazer.
Importante para a prossecução deste grande objectivo social tem sido também, a participação, promoção e adesão incondicional do nosso país ás várias iniciativas internacionais de defesa da Mulher – Mãe e Mulher – Trabalhadora.
Não será demais lembrar as palavras do ex - Presidente da República, D. Jorge Sampaio, enquanto convidado de honra, na 88ª sessão da Conferência Internacional de Direito do Trabalho, realizada em Genebra ( Junho 2000), tanscrevo:
Apesar dos milhões de pobres e desempregados que existem na Europa, os sistemas de relações industriais, os modelos de protecção e a generalidade dos instrumentos de promoção da cidadania social foram, e nalguns casos ainda são, criticados por alegadamente serem responsáveis pela perda da competitividade europeia.
Todos estaremos lembrados das receitas simplistas que, em nome da promoção do emprego, afirmavam a necessidade da Europa reduzir os níveis e limitar drasticamente o alcance das garantias cívicas e sociais que a singularizam no Mundo.
Conto-me entre os que consideram que o chamado modelo social europeu, com o sistema de relações industriais que o integra, está na base das décadas de crescimento económico e de progresso social que os países democráticos da Europa conheceram no pós – guerra.
Mas pertenço também ao grupo dos que sabem que tal modelo não resultou de qualquer automatismo económico ou tecnológico. Resultou sim, pelo contrário, de um esforço continuado das sociedades democráticas avançadas para limitarem e corrigirem, através de um quadro institucional adequado as desigualdades induzidas pelas economias de mercado.”
MariaFaia – Junho de 2007

sábado, 23 de junho de 2007

ATÉ LOGO...

"O conhecimento não é a coisa principal, mas ações."
(Provérbio Africano)

SETE MARAVILHAS DA BLOGOSFERA

Ao Papagueno do Cinema Paraíso devo esta simpárica e honrosa distinção. Bem mais clara do que o concurso das Sete Maravilhas de Portugal. Pelo menos aqui só se vota uma vez e não podemos votar em nós próprios.... Indefinidamente.... O conceito e regulamento das 7 Maravilhas da Blogosfera partiram do blogue, O Sentido das Coisas. Tarefa muito difícil esta mas, cá vai. Passo a nomear mais 7 vitimas: Momentos & Documentos; Alentejo & Sapientia; Infinito Pessoal; CantoPoetico; CitizenMary; O Alquimista; Ecos e Comentarios. Um Bom Fim de Semana para todos, nomeados e não nomeados...

terça-feira, 19 de junho de 2007

IGUALDADE DE GÉNERO

PELA CONSAGRAÇÃO DO DIA EUROPEU DA IGUALDADE DE GÉNERO
Porque a igualdade de género diz respeito tanto às mulheres como aos homens.
Esta iniciativa foi lançada em 2006 na República Checa, por organizações da sociedade civil.
Em 2007, Áustria, Dinamarca, Letónia, Polónia e Espanha fazem parte da lista de países que aderiram promovendo iniciativas de rua em várias cidades.
Porquê um dia da igualdade de género?
Porque é necessário realçar a importância da igualdade entre mulheres e homens em todas esferas da sociedade: económica, política, social, cultural e familiar.
Porque a igualdade de género não se resume à participação das mulheres e à partilha da decisão na vida pública, económica e política. Passa também por uma maior participação dos homens na vida doméstica e familiar, nomeadamente um maior envolvimento nos cuidados às crianças e pessoas dependentes. A conciliação entre a vida profissional e a vida privada não diz só respeito às mulheres.
Porque o tráfico de pessoas, os crimes "de honra" e a violência de género continuam a não ter a prioridade e espaço que deveriam ter na agenda europeia, nas estratégias das instituições comunitárias e na intervenção governativa dos Estados Membros.
Porque pode constituir uma ocasião para informar o público em geral sobre a complexidade desta temática.
A PLATAFORMA associa-se a esta iniciativa exortando o Governo Português a contribuir para o reconhecimento e consagração do Dia Europeu da Igualdade de Género, como forma da União Europeia demonstrar o seu empenhamento na realização da igualdade de género e como uma oportunidade para informar e consciencializar cidadãs e cidadãos para uma atitude cívica activa em prol da igualdade de facto entre mulheres e homens.
______________________________________________________________ Plataforma Portuguesa para os Direitos das Mulheres
Sede:
Rua Luciano Cordeiro 24 - 6ºA
1250-125 Lisboa

SINDICATOS...

Publico hoje um artigo de opinião de autoria de uma Amiga que, pela pertinência das suas interrogações, nos faz reflectir.
" Será que os Sindicatos cumprem a sua missão?
Depois de ter lido o post do Zé Povinho pareceu-me oportuno dizer de minha justiça sobre um caso que conheço muito bem. Há vários anos que conheço dois funcionários públicos, que além de colegas de profissão se podem considerar companheiros na desgraça ou melhor na saga dos problemas relacionados com as promoções na função pública e digo isto porque todo o seu percurso desde 1987 tem sido idêntico e com alguns episódios dignos de registo.
Entraram para a função pública em 1987,em 1990 através de concurso público interno entre todos os funcionários públicos passaram para a carreira de técnicos auxiliares, carreira essa que se iniciava com um ano de estágio.
Pois aqui começa uma longa história esse ano de estágio prolongou-se até 1992, só nessa altura foram nomeados técnicos auxiliares de 2ª classe, num quadro que se dizia circular, penso ser esta a terminologia utilizada pois todos os funcionários subiam na categoria mediante abertura de concurso interno após 3 anos de serviço com a classificação mínima de bom. No caso destes dois colegas embora com classificação de Muito Bom , passaram a técnicos de 1ª classe em 1996. Em 2000, passados quatro anos e não três passaram a técnicos principais, em 2003, deveria ter sido aberto concurso para técnicos especialistas, o concurso foi pedido para o Instituto do qual são dependentes, a resposta a essa abertura de concurso vem com a justificação de falta de verba no orçamento… aí e com alguma confiança os colegas dirigiram-se ao sindicato para saber o que fazer…Acreditem ou não mas a respostas foram de tal forma desanimadoras, que acabaram por desistir e ainda hoje estão há espera da promoção para técnicos especialistas estamos no ano de 2007, já decorreu uma parte do concurso foi-lhe atribuída uma classificação, mas a nomeação nunca foi feita. De salientar ainda que o sindicato esteve a par da situação e de tudo o que esteve por detrás da suposta falta de verba e nada fez.Também estou em condições de dizer que hoje apenas dois funcionários do quadro desta Instituição não estão em condições de ser promovidos uns aguardam como os colegas 7 anos outros 8, outros 6 e ai por diante nenhum com menos de 4 anos de espera, pela dita promoção que não chega.
E os sindicatos onde estiveram?
O que fizeram?
Por desconhecimento não foi por certo, pois não só pelo facto de em 2003 os colegas terem denunciado a situação, mas por um dos funcionários que hoje aguarda promoção fazer parte dos corpos dirigentes do sindicato.
Agora digam lá que sindicato nos defende?
Quem luta pelos direitos dos trabalhadores?
São os que marcam greves junto aos fins de semana para aliciar os funcionários a faltar?
Quem realmente se importa em ir ao terreno ?
Não está na hora de se repensar um pouco a política sindical ?
Segundo o Zé Povinho: "A inovação e a modernidade do acordo são uma patranha que convence apenas quem quiser ser convencido, de que existe um pote cheio de moedas de ouro no fim do arco-íris."
*Um artigo de XRéis em "O Pasquim do Povo"

sexta-feira, 15 de junho de 2007

BOM FIM DE SEMANA...

"Não importa o tamanho da montanha, ela não pode tapar o sol."
Provérbio Chinês

quarta-feira, 13 de junho de 2007

VISITANDO ÉVORA...

Há cerca de um mês re-visitei uma das cidades portuguesas mais ricas em património histórico e arqueológico - Évora, declarada Património da Humanidade pela UNESCO.
As profundas obras de remodelação obrigaram ao fecho do edifício principal do Museu de Évora, pelo que, um núcleo temporário de exposição, com as melhores peças do Museu de Évora, foi instalado na Igreja de Santa Clara, edificada na segunda metade do século XVI. ( (in "Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado" - IPPAR, 1993)
Aqui, pela primeira vez, estão patentes ao público, uma Lamentação sobre Cristo Morto, de Diogo de Contreiras, e um retrato do pintor André Gonçalves, obra atribuída a Antoine Quillard, peças recentemente adquiridas para o acervo do Museu, para além de outras obras de arte recentemente recuperadas pelo Museu.
A Igreja de Santa Clara fez parte integrante do Convento de Stª Clara, o qual foi fundado no ano de 1452, pelo bispo de Évora, D. Vasco Perdigão, no antigo Paço dos Falcões.
O actual edifício já pouco conserva dessa primeira campanha quatrocentista. No período filipino, respondendo às normas tridentinas, Manuel Filipe foi encarregue de remodelar a igreja, segundo desenho de um arquitecto ainda desconhecido. Mantiveram-se os limites do antigo templo gótico, mas suprimiram-se as proporções e a espacialidade originais, em benefício da severidade que caracteriza a arquitectura dos anos finais do século XVII. Ao longo dos séculos, o convento foi alvo de sucessivas reformas e actualizações estéticas. Da época filipina conservam-se ainda importantes vestígios de pintura a fresco atribuídos a José de Escobar. Mais recentes são as telas pintadas por António de Oliveira Bernardes, alsuivas a momentos da vida dos homens mais importantes da Ordem. O tecto da nave, revestido com pintura mural com a figura da Virgem da Conceição ao centro, data de inícios do século XVIII e inspira-se em modelos italianos do Barroco final (ESPANCA, 1966). Igualmente barroco é o retábulo-mor, obra do reinado de D. João V, que substituiu os outros dois altares anteriores, o gótico, feito por André Gonçalves em 1460 e de que nada restou, e o filipino, obra de 1592 do eborense Francisco João e integrando uma pintura alusiva à Vida de Santa Clara, que se conserva no Museu Regional (ESPANCA, 1993, pp.88-89). Definitivamente extinto em 1903, por morte da última freira, Maria Ludovina do Carmo, apenas nesta data, aqui se instalaram várias unidades militares até 1936, data em que parte do convento ruíu. Este convento sofreu estragos de certa monta em Maio de1663, durante o cerco da cidade pelo exército castelhano de D. João de Áustria, e no dia 1º de Dezembro de 1755, aquando do terrível sismo que destruiu Lisboa .
Desde 1979, ocupando o velho edifício conventual, foi criada a Escola Preparatória de Santa Clara que passou a Escola Básica 2,3 de Santa Clara, no ano lectivo 1993/94, encontrando-se a Igreja de Santa Clara sob jurisdição do IPPAR.
in:
Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, IPPAR, vol. I, Lisboa, 1993, Autor(es) LOPES, Flávio; Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Beja, Vol. XII, Lisboa, 1992, Autor(es) ESPANCA, Túlio A Arquitectura Religiosa do Alto Alentejo na Segunda Metade do Século XVI e nos Séculos XVII e XVIII, 1983 Autor(es) CHICÓ, Mário TavaresREIS, Humberto11 1983 Autor(es) CHICÓ, Mário TavaresREIS, Humberto Inventário Artístico de Portugal, vol. VII (Concelho de Évora - volume I), Lisboa, 1966, Autor(es) ESPANCA, Túlio
De qualquer forma, não posso deixar de registar neste espaço de convívio, sempre visitado dignos Eborenses, a tristeza e revolta que senti ao entrar na Igreja de Stª Clara, pelo elevado grau de degradação a que aquele espaço, que outrora foi belo, se encontra votado. Os frescos que cobriam os seus tectos, de que ainda se vêm vestígios, encontram-se quase totalmente destruídos e os índices de humidade que se sentem naquele espaço são de tal gravidade que, salvo melhor opinião, colocam em risco não só as obras de arte que lá se encontram em exposição, como a saúde dos trabalhadores do Museu de Évora que ali se encontram em exercício de funções.
É, de facto, revoltante que, "a meia dúzia de passos", em território espanhol, se encontre o respectivo património histórico, cultural, arqueológico e religioso recuperado e protegido e nós, portugueses, exibamos públicamente a nossa "desgraça" e degradação acumulada ao longo dos anos.
Será que o património português vale tão pouco que não mereça recuperação?
E, como é que é possível instalar-se uma exposição com obras de tamanha qualidade e valor histórico e patrimonial num espaço em que até é difícil respirar atento o elevado teor de humidade e fungos nele existente?!...

quinta-feira, 7 de junho de 2007

UM OLHAR...

No entardecer dos dias de Verão, brilha um Sol que se esconde suavemente, como suave é a brisa, que beija a terra que meus pés percorrem e minhas mãos acariciam.
Vivem-se viveres passados, de amor e desamor construídos e, os nossos sentidos reclamam mais vida com afinco e com sentido.
Mas a nossa imperfeição trai a vida pelos sentidos que, afinal, mais não são, que ilusão imaginada, mentira sentida como verdade traída.
Bastar-nos-ia sentir com clareza e viver esquecendo os sentidos…
Começamos a aprender nova etapa viver, olhando o Sol de mansinho cuja luz nos vem oferecer.
No entardecer de um dia de verão vi um olhar luminoso que não me podia mentir…
Maria Faia – 6 Junho 2007

quarta-feira, 6 de junho de 2007

PELA PRESERVAÇÃO DA NATUREZA...

A pedido do Amigo Ludovicus do Momentos & Documentos, divulgo a iniciativa de preservação do nosso habitat e espaço natural no rio Almorode na Várzea.
É JÁ AMANHÃ - 7 Junho 2007

Simbologia da LUA...

É em correlação com o simbolismo do Sol que se manisfesta o simbolismo da Lua. A Lua, privada de luz, é apenas um reflexo do Sol.
A Lua atravessa diferentes formas e, por isso, simboliza a dependência e o princípio feminino, bem como a periodicidade e a renovação.
A lua simboliza também o tempo que passa, o tempo vivo, de que ela é medida, pelas suas fases sucessivas e regulares.
O mesmo simbolismo liga a Lua, as Águas, a Chuva, a fecundidade das mulheres e dos animais, a vegetação ou o destino do Homem depois da sua morte.
A Lua, astro da noite, evoca metaforicamente a beleza e, também, a Luz na imensidão tenebrosa. Mas, não sendo esta luz mais do que um mero reflexo do sol, a Lua é apenas o simbolo do conhecimento por reflexo.
No hinduismo, a esfera da lua é o resultado da vida dos antepassados. Nela, eles não são libertados da condição individual, mas produzem a renovação cíclica. As formas acabadas dissolvem-se na Lua, as não desenvolvidas emanam dela. O que não deixa de estar relacionado com o papel transformador de Xiva, cujo emblema é um crescente lunar. A Lua é, aliás, o regente dos ciclos hebdmadário e mensal. Este movimento cíclico pode ser relacionado com o simbolismo lunar de Jano: a Lua é, ao mesmo tempo, porta do céu e porta do inferno, Diana e Hécate, sendo o céu apenas o cume do edifício cósmico. A saída do cosmos efectuar-se-á apenas pela porta solar. Diana seria o aspecto favorável, Hécate o aspecto temível da Lua.
Dez séculos antes de Victor Hugo, Ibn al-Mottaz deixava-nos a seguinte imagem da Lua:
Olha a beleza do crescente que
acabando de aparecer
rasga as trevas com os seus raios de luz.
Como uma foice de prata que
entre as flores brilhando na escuridão
colhe narcisos.
A primeira coisa que acode ao espírito
quando queremos descrever uma coisa excessivamente bela
e mostrar a sua extrema perfeição, é dizer:
UMA FACE SEMELHANTE À LUA...
in: Jean Chevalier e Alain Gheerbrant.

terça-feira, 5 de junho de 2007

DIVULGAÇÃO

PRÉMIO DE REVELAÇÃO ARTÍSTICA D. BENTA DE AGUIAR PRADBA 2007 ENSAIO – TEXTO LITERÁRIO – PINTURA – DESENHO ESCULTURA – FOTOGRAFIA – VÍDEO
Regulamento disponível em
Informações
OBJECTIVO O Prémio de Revelação Artística D. Benta de Aguiar (PRADBA), instituído pelo Bazar das Monjas de Coz no dia do seu 3º Aniversário, a 5 de Junho de 2007, pretende contribuir simultaneamente para a descoberta de novos valores no campo das artes e para a divulgação da riqueza cultural e patrimonial existente na Freguesia de Coz, Concelho de Alcobaça, onde pontifica o Mosteiro de Santa Maria de Coz, monumento fundado em 1279 e que, no século XVI, viria a ser transformado na casa conventual das monjas da Ordem feminina de Cister, situação em que se manteve até à extinção das ordens religiosas ocorrida em 1834.
RAZÃO HISTÓRICA
Sobressai na história do Mosteiro de Sta. Maria de Coz o período fulgente de 1530 a 1578, durante o qual as monjas de Coz foram governadas por Dona Benta de Aguiar. Mulher austera, descendente de famílias “antigas e luzidas” com solar em São Paio da Pousada, nas proximidades de Braga, foi nomeada abadessa por mandado de D. João III com apenas vinte e sete anos de idade. Como sustentam os historiadores1, D. Benta de Aguiar representa o tipo de monja integrada nos padrões da piedade e da mística conventuais próprios do catolicismo da segunda metade do século XVI. Tal como Teresa de Ávila (1515-1582), também Benta de Aguiar se entregava a frequentes jejuns e outras penitências, cumprindo zelosamente todos os rituais associados à vida conventual. A sua fé e fervorosa devoção ao culto religioso fizeram com que se acumulassem em seu redor os indícios místicos do miraculoso, existindo mesmo alguns registos de milagres por si supostamente realizados. D. Benta atraiu deste modo a atenção do Cardeal D. Henrique que se aproveitava dos seus “sanctos conselhos” e se encomendava às suas orações. Nas vésperas da batalha de Alcácer Quibir, em que D. Sebastião acabaria por desaparecer, D. Benta de Aguiar terá entre sonhos prenunciado o desastre das tropas portuguesas: Beati mortui, qui in Domino moriuntur, terá ouvido dizer em sonho, ao que se terá seguido a visão de um “campo alastrado de corpos mortos e despedaçados”. Tendo comunicado tal visão ao Cardeal D. Henrique este terá, segundo os registos históricos, ficado muito “triste e melancolizado”. A abadessa foi sepultada em 1578 no centro do coro monástico onde posteriormente receberia a veneração piedosa das monjas. Do seu epitáfio consta a frase Benta na Vida e Águia na subida ao Ceo, palavras que traduzem bem o prestígio e a aura milagrosa que rodeou esta mulher.
1 Pina e Sousa, C. M. A.; Gomes, S. A. (1998) – Intimidade e encanto: o Mosteiro Cisterciense de Sta. Maria de Cós (Alcobaça). Leiria: Edições Magno.
In: Bazar das Monjas

sábado, 2 de junho de 2007

MOMENTO DE POESIA....

Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence.
Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões.
Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.
Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valências de fora e de dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia."
in: António Gedeão