quinta-feira, 30 de abril de 2009

VALERÁ A PENA PENSAR NISTO?

" O António, depois de dormir numa almofada de algodão (Made in Egipt), começou o dia bem cedo, acordado pelo despertador (Made in Japan) às 7 da manhã. Depois de um banho com sabonete (Made in France) e enquanto o café (importado da Colômbia) estava a fazer na máquina (Made in Chech Republic), barbeou-se com a máquina eléctrica (Made in China). Vestiu uma camisa (Made in Sri Lanka), jeans de marca (Made in Singapure) e um relógio de bolso (Made in Swiss). Depois de preparar as torradas de trigo (produced in USA) na sua torradeira (Made in Germany) e enquanto tomava o café numa chávena (Made in Spain), pegou na máquina de calcular (Made in Korea) para ver quanto é que poderia gastar nesse dia e consultou a Internet no seu computador (Made in Thailand) para ver as previsões meteorológicas. Depois de ouvir as notícias pela rádio (Made in India), ainda bebeu um sumo de laranja (produced in Israel), entrou no carro Saab (Made in Sweden) e continuou à procura de emprego. Ao fim de mais um dia frustrante, com muitos contactos feitos através do seu telemóvel (Made in Finland) e, após comer uma pizza (Made in Italy), o António decidiu relaxar por uns instantes. Calçou as suas sandálias (Made in Brazil), sentou-se num sofá (Made in Denmark), serviu-se de um copo de vinho (produced in Chile), ligou a TV (Made in Indonésia) e pôs-se a pensar porque é que não conseguia encontrar um emprego em PORTUGAL...
Talvez este mail devesse ser enviado às empresas e aos consumidores portugueses.
O Ministério da Economia de Espanha estima que se cada espanhol consumir 150€ de produtos nacionais, por ano, a economia cresce acima de todas as estimativas e, ainda por cima, cria não sei quantos postos de trabalho".
Autoria: Texto que recebi via internet. Autor não identificado

segunda-feira, 27 de abril de 2009

UM AMOR NUNCA SE ESQUECE

" Joana não esquece aquele fim de semana que passou no Norte do país, em Vila Real, quando tiveram que ir à festa do tio Quim, irmão do pai, que há muitos anos tinha assentado vida para lá do Marão.
Uma viagem de sete horas de comboio até ao Porto e depois outra de carro até Vila Real que demorou quase o dobro do tempo por curvas e contra curvas com algumas paragens para atenuar a má disposição.
Não bastou a difícil viagem; também o aniversário seria ensombrado pela fatalidade que tinha tomado conta da vizinha do tio, a jovem Idália, e que era o motivo de todas as conversas naquela reunião de família. O marido, que cumpria serviço militar no Ultramar deixara de dar notícias. Nesse fim de semana, Idália, uma jovem com apenas vinte e quatro anos, mas já com dois filhos nos braços, Maria Inês com três anos e José António, com apenas dezoito meses, recebia uma carta.
Mas, em vez de o remetente ser do seu querido marido Fernando, era do exército português que lhe escrevia estas palavras:
Mochico
20 de Fevereiro de 1962
Exmª Srª D. Idália Pereira dos Santos
Escreve a V. Exª o comandante da companhia 267 a que pertencia o seu marido que faleceu em combate ao serviço da pátria.
Em nome de todos e de cada um dos elementos da companhia apresento a V.- Exª as mais sinceras condolências e confio no forte moral e compreensão de V. Exª para suportar tão profunda dor. Jamais esqueceremos o nosso companheiro.
Agradeço a V. Exª que por meios oficiais, solicite a trasladação para a Metrópole - pois o corpo está encerrado em urna de chumbo - uma vez que só a família a pode pedir...
Idália não tinha forças para ler mais. Deixou-se cair num pranto desesperado enquanto o pai de Joana lia o resto da carta assinada pelo comandante da companhia. Dentro do envelope uma outra carta do Ministério do Exército onde se definiam as exigências para a trasladação do corpo.
Um telegrama posterior dava conta do montante de toda esta operação: dez mil escudos, uma fortuna que não estava ao alcance daquela família que ainda teria de custear o funeral civil em Portugal.
O marido de Idália ficou sepultado no Moxico, numa urna de chumbo. Idália ficava com dois filhos nos braços, sem trabalho e sem o sustento da casa. O marido, que todos os meses enviava o ordenado para um dia voltar, não regresssou.
Aquela família era só uma entre as muitas centenas de milhar de portugueses que sofreram em silêncio a morte de entes queridos e cujo corpo nunca puderam chorar.
Os custos que o Estado obrigava as famílias a suportarem tinha um claro objectivo: evitar a trasladação dos corpos e a imagem mortífera que era a chegada de urnas com os militares mortos, enviados para uma guerra que ninguém percebia. E além das urnas, a realização de funerais que podeiam revoltar a opinião pública contra o governo totalitário e que fazia da propoganda uma arma política.
Joana tinha apenas doze anos mas nunca mais se esqueceu daquela imagem de Idália, vestida de negro, cara conformada e marcada por noites de lágrimas agarrada à carta e à impossibilidade de fazer o corpo do marido regressar à terra para estar perto dela, no cemitério que ficava ali, a quinhentos metros da pequena habitação onde residia.
Foi talvez, inadvertidamente e sem o conhecimento da vida, que Joana tomou o primeiro contacto com África e com a chamada guerra ultramarina para onde muitos foram e não mais voltaram. (...)"
In: Os Retornados - Um Amor Nunca se Esquece, de Júlio Magalhães

sexta-feira, 24 de abril de 2009

PELA CIDADANIA...PELA LIBERDADE!

" O analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguer, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, o assaltante e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais."
(Bertold Bretch)

LIBERDADE

Há homens que lutam um dia e são bons;
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Mas há os que lutam toda a vida, e estes são imprescindíveis.
(Bertold Brecht)

terça-feira, 21 de abril de 2009

MEU CAMARADA E AMIGO

Imagem retirada da internet
Revejo tudo e redigo
meu camarada e amigo.
Meu irmão suando pão
sem casa mas com razão.
Revejo e redigo meu camarada e amigo
As canções que trago prenhas
de ternura pelos outros
saem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser serva
homem não pode ser caça
e a poesia tem de ser
como um cavalo que passa.
É por dentro desta selva
desta raiva
deste grito
desta toada
que vem dos pulmões
do infinito
que em todos vejo ninguém
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e amigo.
Sei bem as mós que moendo
pouco a pouco trituraram os ossos
que estão doendo àqueles que não falaram.
Calculo até os moinhos
puxados a ódio e sal
que a par dos monstros marinhos
vão movendo Portugal
— mas um poeta só fala
por sofrimento total!
Por isso calo e sobejo
eu que só tenho o que fiz
dando tudo mas à toa:
Amigos no Alentejo
alguns que estão em Paris
muitos que são de Lisboa.
Aonde me não revejo
é que eu sofro o meu país.
Ary dos Santos, in 'Resumo'

sexta-feira, 17 de abril de 2009

REFLEXÃO...

Encontramos, por vezes, na nossa caminhada pela vida certas gentes e acções que nos deixam perplexos, tal é a covardia e o desejo de mal fazer ao seu "semelhante".
Por essa razão procurei saber mais sobre que sentimentos poderão provocar a ira descontrolada de alguns e, é essa reflexão que hoje partilho com os meus amigos:
"A nossa sociedade é baseada na comparação, porque o homem tem na comparação, em muitas ocasiões uma forma de aprendizagem; na família, por exemplo, todo o processo vive de comparação, pois que na nossa história familiar é imensa a carga de comparação a que somos diariamente submetidos. O sistema escolar é todo ele baseado na comparação, como classes mais adiantadas, classes mais atrasadas, notas, avaliações etc. A força da comparação está tão presente na nossa vida, que poderíamos chamá-la de sangue cultural. E quem não tiver consciência deste processo ao qual é submetido, diariamente, em todos os lugares, em todos os momentos, das mais variadas formas, dificilmente conseguirá trabalhar ou sair do seu sentimento de inveja.
Heráclito afirmava que os cidadãos de Éfeso deviam ser todos enforcados pois que eram movidos pela inveja, quando diziam: "Ninguém deve ser o primeiro entre nós".
Certas pessoas vivem eternamente insatisfeitas consigo mesmas quando se comparam com o próximo mas sem, ao menos, perceberem e aceitarem que o motivo é a inveja. Se, de um lado, entendemos que a comparação e a competição sadias provoca estímulos para vencer, entretanto, quando surge o ciúme, instala-se a inveja. Todo o processo social é comparativo e competitivo e, se a força é tão grande, qual será a maneira de afastarmos o sentimento de inveja e como nos modificarmos relativamente ao sentimento? Controlar os nossos ímpetos e impulsos comparativos, saturados de ciúme aceitando-nos com sentimentos de auto-estima é uma estratégia.
A diferença entre a comparação com os outros e a comparação connosco mesmos difere. Na auto-comparação, fortalecemos o nosso ego, estabelecendo o ponto de equilíbrio. Passamos a dirigir-nos, em função do que realmente somos e não em função do que os outros esperam de nós. Passamos a ser o nosso ponto fundamental de referência, levando-nos a um fortalecimento interior. A inveja como vivência de um sentimento interior, sob a forma de frustração, de tristeza, de mal-estar, de acanhamento, pela comparação maligna faz o invejoso sentir-se inferior aos outros, e cria um desequilíbrio íntimo, oriundo do sentimento. O exercício da comparação sadia leva-nos a projectos de reformulação de comportamentos para atingirmos a plena concretização de nossos ideais, e poderemos, então, compreender o motivo pelo qual, muitas vezes, nos sentimos prejudicados na nossa alegria de viver, sendo elas causadoras das nossas perturbações emocionais e dos inúteis desgastes energéticos. Examinando o nosso quotidiano, à luz das escolhas que fizemos ou que deixamos de fazer, veremos, com clareza, que somos, na actualidade, a "soma integral" de nossas opções diante da vida.
A inveja é, pois, a incapacidade de ver a vitória das outras pessoas, de aceitar as coisas dos outros, redundando numa auto-rejeição. No caso da inveja, a auto-aversão ocorre por não se sentir o invejoso como os outros são. As pessoas invejosas, geralmente, são frutos da revolta. típicamente ansiosas e portadoras da tristeza, com alto índice de ira e pressão.
CAUSAS.
O principal mecanismo da inveja, que é multifacetada, é o ciúme. O invejoso é normalmente inseguro, supersensível, irritadiço, desconfiado, observador minucioso e investigador da vida alheia; sempre armado e alerta contra tudo e contra todos, finge superioridade quando, na realidade se sente inferiorizado, sendo tal facto o provocador do ar de sarcasmo e de ironia que o invejoso costuma manifestar. Esse comportamento leva-o à exaustão, porque necessita ocultar o seu precário estado de harmonia interior. Enfim, não é fácil sustentar a máscara; deve sofrer muito..."
Fonte: Prof. Dr. ROQUE THEOPHILO, Psicoterapeuta, Sociólogo, Pesquisador e Professor Universitário.
A inveja vê sempre tudo com lentes de aumento que transformam pequenas coisas em grandiosas, anões em gigantes, indícios em certezas. Miguel Cervantes

segunda-feira, 13 de abril de 2009

IKEBANA - FLORES VIVAS PARA OS MEUS AMIGOS

Segundo alguns estudiosos, o acto de colocar flores no altar budista deu origem ao Ikebana (literalmente, flor colocada), atribuindo a sua origem ao monge zen-budista Sem-no-Rikyu, conselheiro do xogum Hideyoshi Toyotomi, que também foi responsável pelo Chadô, cerimônia do chá.
Outros voltam a 607 d.C, quando uma missão diplomática da China introduziu o Ikebana no Japão.
IIkebana (生け花, "flores vivas") é a arte japonesa de arranjos florais, também conhecida como Kado (華道 ou 花道, Kado) — a via das flores.
Ikebana é uma arte floral que teve origem na Índia onde os arranjos eram destinados a Buda, e personalizada na cultura nipônica, pela qual é mais conhecida. Em constraste com a forma decorativa de arranjos florais que prevalece nos países ocidentais, o arranjo floral japonês cria uma harmonia de construção linear, ritmo e cor.
Enquanto que os ocidentais tendem a pôr ênfase na quantidade e colorido das cores, dedicando a maior parte da sua atenção à beleza das corolas, os japoneses enfatizam os aspectos lineares do arranjo.
A arte foi desenvolvida de modo a incluir o vaso, caules, folhas e ramos, além das flores.
A estrutura de um arranjo floral japonês está baseada em três pontos principais que simbolizam o céu, a terra e a humanidade.
O Ikebana começou como uma espécie de ritual oferecendo flores feitas em templos budistas no Japão durante o sexto século. Nessas modalidades, tanto as flores e os ramos foram feitos em direcção ao ponto céu como uma indicação de fé.
Um estilo mais sofisticado arranjo de flor, chamada rikka (flores permanentes), apareceu no século XV. O estilo rikka reflecte o esplendor da natureza e da sua exibição. Por exemplo, pinho e ramos simbolizam rochas e pedras, crisântemos e branco simbolizam um pequeno rio ou riacho.
As alterações mais significativas na história do Ikebana tivetam lugar durante o século XV, quando o Muromachi shogun Ashikaga Yoshimasa (1436-1490) governou Japão. Os grandes edifícios e pequenas casas que haviam construído Yoshimasa expressam o seu amor pela simplicidade.
Estas pequenas casas contidas tokonoma, onde as pessoas pudessem colocar objectos de arte e de arranjos florais. Foi durante este período que as regras de Ikebana foram simplificadas, para que pessoas de todas as classes pudessem desfrutar da arte.
Outro acontecimento importante ocorreu no final do século XVI. Um estilo mais simples de arranjo de flores chamado nageire (significando que jogar no interior ou no arremesso) surgiu como parte da cerimônia do chá. De acordo com este estilo, flores são dispostas num vaso natural quanto possível, não importando os materiais que são utilizados. Devido à sua associação com a cerimônia do chá, este estilo também é chamado cha-bana (茶花, literalmente "chá flores").
Em 1890, pouco depois da Restauração Meiji (um período de modernização e ocidentalização do Japão), desenvolveu-se um novo estilo de Ikebana denominado moribana, ou "empilhadas flores-up". Este estilo surgiu em parte devido à introdução de flores ocidentais e em parte devido à ocidentalização do Japão vida.
O moribana estilo, que criou uma nova liberdade em arranjos de flores, é utilizado para uma paisagem ou um jardim cena. É um estilo que pode ser desfrutado onde é exibido e pode ser adaptado para situações formais e informais.
Hoje, o Ikebana é venerado como uma das artes tradicionais do Japão. É praticado em muitas ocasiões como cerimônias e festas.
Fontes: www.culturajaponesa.com.br e Wikipédia-a inciclopédia livre

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A TODOS DESEJO UMA PÁSCOA FELIZ.

"A Páscoa sempre representou a passagem de um tempo de trevas para outro de luzes, isto muito antes de ser considerada uma das principais festas da cristandade.
A palavra "páscoa" – do hebreu "peschad", em grego "paskha" e latim "pache" – significa "passagem", uma transição anunciada pelo equinócio de primavera (ou vernal), que no hemisfério norte ocorre a 20 ou 21 de Março e, no sul, em 22 ou 23 de Setembro. De facto, para entender o significado da Páscoa cristã, é necessário voltar à Idade Média e lembrar dos antigos povos pagãos europeus que, nesta época do ano, homenageavam Ostera, ou Esther – em inglês, Easter que quer dizer Páscoa. Ostera (ou Ostara) é a Deusa da Primavera, que segura um ovo em sua mão e observa um coelho, símbolo da fertilidade, pulando alegremente em redor de seus pés nus. A deusa e o ovo que carrega são símbolos da chegada de uma nova vida. Ostara equivale, na mitologia grega, a Persephone. Na mitologia romana, é Ceres. Os pássaros estão cantando, as árvores estão brotando. Surge o delicado amarelo do Sol e o encantador verde das matas. A celebração de Ostara, comemora a fertilidade, um tradicional e antigo festival pagão que celebra o evento sazonal equivalente ao Equinócio da primavera. Algumas das tradições e rituais que envolve Ostara, inclui fogos de artifícios, ovos, flores e o coelho. Ostara representa o renascimento da terra, muitos de seus rituais e símbolos estão relacionados à fertilidade.
Ela é o equilíbrio quando a fertilidade chega depois do inverno. É o período que a luz do dia e da noite têm a mesma duração.
Ostara é o espelho da beleza da natureza, a renovação do espírito e da mente. Seu rosto muda a cada toque suave do vento. Gosta de observar os animais recém-nascidos saindo detrás das árvores distantes, deixando seu espírito se renovar. Ostara foi cristianizada como a maior parte dos antigos deuses pagãos. Os símbolos tradicionais da Páscoa vêm de Ostara.
Os ovos, símbolo da fertilidade, eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro, eram enterrados ou lançados ao fogo como oferta aos deuses.
É o Ovo Cósmico da vida, a fertilidade da Mãe Terra. Ostara gosta de verde e amarelo, cores da natureza e do sol. O Domingo de Páscoa é determinado pelo antigo sistema de calendário lunar, que coloca o feriado no primeiro Domingo após a primeira lua cheia ou seguindo o equinócio. A Páscoa foi nomeada pelo deus Saxão da fertilidade Eostre, que acompanha o festival de Ostara como um coelho. Esta a razão do o símbolo do coelho de páscoa na tradição cristã. O coelho é também um símbolo de fertilidade e da fortuna. A Páscoa foi adaptada e renomeada pelos cristãos, do feriado pagão Festival de Ostara, da maneira que melhor lhes convinha na época como a tradição dos símbolos do Ovo e do Coelho. A data cristã foi fixada durante o Concílio de Nicéa, em 325 d.C., como sendo "o primeiro Domingo após a primeira Lua Cheia que ocorre após ou no equinócio da primavera boreal, adoptado como sendo 21 de Março. A festa da Páscoa passou a ser uma festa cristã após a última ceia de Jesus com os Apóstolos, na Quinta-Feira Santa.
Os fiéis cristãos celebram a ressurreição de Cristo e sua elevação ao céu. As imagens deste momento são a morte de Jesus na cruz e a sua aparição. A celebração sempre começa na Quarta-feira de cinzas e termina no Domingo de Páscoa: é a chamada Semana Santa.
Para entendermos a Páscoa cristã, vamos, sinteticamente, buscar sua origem à festa judaica de mesmo nome.
O ritual da Páscoa judaica é apresentado no livro do Êxodo (Ex 12.1-28). Com essa festa, a mais importante do calendário judaico, o povo celebra o facto histórico da sua libertação da escravidão do Egipto acontecido há 3.275 anos, cujo protagonista principal foi Moisés no comando de seu povo pelo mar vermelho e deserto do Sinai. O evento ÊXODO/SINAI compreende a libertação do Egipto, a caminhada pelo deserto e a aliança no monte Sinai (sintetizado nos dez Mandamentos dados a Moisés).
De evento histórico torna-se evento de fé.
A passagem do mar vermelho foi lembrada como Páscoa e ficou como um marco na história do povo hebreu.
Todos os anos, na noite de lua cheia de primavera, os hebreus celebravam a Páscoa, com o sacrifício de cordeiro e o uso dos pães ázimos (sem fermentos), conforme a ordem recebida por Moisés (Ex 12.21.26-27; Dt 12.42). Era uma vigília para lembrar a saída do Egito (forma pela qual tal facto era passado de geração em geração – Ex 12.42; 13.2-8). Essa celebração ganhou também dimensão futura com o passar do tempo. E quando novamente dominados por estrangeiros, celebravam a Páscoa lembrando o passado, mas pensando no futuro, com esperança de uma nova libertação, última e definitiva, quando toda escravidão seria vencida, e haveria o começo de um mundo novo há muito tempo prometido. A celebração da Páscoa reunia três realidades distintas:
passado: o acontecimento histórico da libertação do Egipto quando Israel se tornou o povo de Deus; presente: a memória ritual (=celebração) do facto passado levava o israelita a ter consciência de ser um ‘libertado’ de Javé (=Deus), não somente os antepassados, mas o sujeito de hoje (Dt 5.4); futuro: a libertação do Egipto era símbolo de uma futura e definitiva libertação do povo de toda a escravidão. Libertação esta que seria a nova Páscoa, marcando o fim de uma situação de pecado e o começo de uma nova era.
Jesus oferecendo seu corpo e sangue assume o duplo sentido da páscoa judaica: sentido de libertação e de aliança. E ao celebrar a Páscoa (Mt 26,1-2.17-20), Ele institui a NOVA PÁSCOA, a Páscoa da libertação total do mal, do pecado e da morte numa aliança de amor de Deus com a humanidade.
A nova Páscoa não era uma libertação política do poder dos romanos, como os judeus esperavam.
Poucos entenderam que o Reino de Deus transcende o aspecto político, histórico e geográfico.
Hoje, ao celebrarmos a Páscoa, não o fazemos com sacrifício do cordeiro e alimentando-nos com pães sem fermento, pois Cristo deu-se em sacrifício uma vez por todas (Jo 1.29; 1Cor 5.7; Ef 5.2; Hb 5.9), como Cordeiro Pascal, como prova e para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime."
Autoria: José Luiz C. Duarte

segunda-feira, 6 de abril de 2009

"A ARMADILHA DA GLOBALIZAÇÃO"

Foto retirada da Internet

Reunida em Londres a Cúpula Financeira de G20, chegam-nos notícias de satisfação por parte da ONU, FMI, EUA, Índia, França e outros países os quais saudaram a decisão de aumento de fundos para o Banco Mundial e o FMI. O secretário-geral da ONU, Sul coreano Ban Ki-moon, saudou o consenso dos líderes do G20 sobre o pacote de solução da crise financeira de 1,1 triliões de dólares, enfatizando que a concretização da assistência aos países pobres é mais importante.
Haverá, assim, alguma luz ao fundo do túnel?
Ora, salvo melhor opinião, a crise de que tanto se fala não é de hoje, apesar de hoje se sentirem, de forma mais acentuada os seus efeitos negativos nas economias mundiais.
Com efeito, as economias familiares já vêm sentindo os efeitos desta crise (económica, financeira e social) há vários anos e daí, os movimentos de rejeição social daquilo a que se convencionou chamar de Globalização.
A este respeito, partilho convosco uma passagem de uma obra editada pela 1ª vez em 1996, da autoria de Hans-Peter Martin e Harald Schumann, " Armadilha da Globalização".
" (...) O modelo de civilização outrora inventado na Europa demonstrou sem dúvida ser de um dinamismo e de uma eficácia sem concorrência. Mas não é capaz de modelar o futuro. A melhoria sensível do nível de vida que a alta da produção industrial haveria de proporcionar a todos nos países subdesenvolvidos tinha sido anunciada aos pobres do mundo pelo presidente Harry Truman, em 1949. Porém, de facto, não teve lugar.
E é justamente agora - quando milhões de pessoas unidas pelo mundo das imagens procuram, de Bogotá a Iakutsk, atingir o modelo ocidental - que os vendedores dessa promessa de desenvolvimento rescindem 0 contrato. Mesmo nos seus próprios países, nos Estados Unidos e na Europa, são incapazes de manter a sua promessa e não conseguem travar uma diferenciação social que não cessa de aumentar. Nestas condições, quem se preocupa ainda com a conciliação do crescimento e do ambiente ou com a repartição das riquezas de forma equitativa no Terceiro Mundo?
O dogma autoritário do crescimento surge cada vez mais como uma arma de uma época já passada: fazia parte do arsenal da guerra fria. Segundo esta lógica, hoje parece só servir para peça de museu.(...)"