MEU CAMARADA E AMIGO
Imagem retirada da internet
Revejo tudo e redigo
meu camarada e amigo.
Meu irmão suando pão
sem casa mas com razão.
Revejo e redigo meu camarada e amigo
As canções que trago prenhas
de ternura pelos outros
saem das minhas entranhas
como um rebanho de potros.
Tudo vai roendo a erva
daninha que me entrelaça:
canção não pode ser serva
homem não pode ser caça
e a poesia tem de ser
como um cavalo que passa.
É por dentro desta selva
desta raiva
deste grito
desta toada
que vem dos pulmões
do infinito
que em todos vejo ninguém
revejo tudo e redigo:
Meu camarada e amigo.
Sei bem as mós que moendo
pouco a pouco trituraram os ossos
que estão doendo àqueles que não falaram.
Calculo até os moinhos
puxados a ódio e sal
que a par dos monstros marinhos
vão movendo Portugal
— mas um poeta só fala
por sofrimento total!
Por isso calo e sobejo
eu que só tenho o que fiz
dando tudo mas à toa:
Amigos no Alentejo
alguns que estão em Paris
muitos que são de Lisboa.
Aonde me não revejo
é que eu sofro o meu país.
Ary dos Santos, in 'Resumo'
16 Comentários:
Abril, sempre.
E gostei de aqui encontrar o Ary!
Bem hajas, companheira!
Que bonito Abril aqui veio,nas palavras de Ary,eu adoro os poemas dele,mas se encontram tão poucos?.
Beijinho e bela escolha.
Lisa
É o Ary e está tudo dito! Obrigada por partilhares connosco, amiga...abraço...
Todos os poemas do Ary são belos.
Há uns mais belos que outros... Este é um deles. E vai aparecer mais vezes por aí, estou certíssima...
Um beijo, Maria Faia
Pena que passados todos estes anos, se Ary fosse vivo iria continuar a não se rever neste país.
Um abraço
Excelente poema do Ary.
Não conhecia este. Obrigada pela partilha.
Beijos
Minha querida, por favor vai buscar a tua oferta ao Compagnon de Route, sim?
Uma serena noite junto aos teus.
Abril sempre com Ary no coração
belissima escolha
um beijo
*
Desespero
,
Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.
Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.
Não fui eu que te quis. E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu
A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o espermen que te dou, o desespero.
,
in-Ary dos Santos
,
arv sempre !!!
,
maresias daqui, deixo,
,
*
Com Abril no coração Ary dos Santos doce saudade, fica completo
è lindo o poema.
um beijo
Abril e Ary dos Santos, uma combinação muito agradável e necessária para que a memória não se perca.
Cumps
Quem melhor que Ary para cantar e escrever Abril?
Jinhos muitos
Um prazer receber a tua visita, e bastantante emocionada com as palavras que deixáste.
Obrigada, Maria Faia.
Um poema de Ary... é como um rosário de pérolas incandescentes.
Boa escola minha amiga!!
Abril, sempre!!!
Beijos.
Abril, águas tantas...revoluções...
Doce beijp
Maria Faia,
Falar no Ary dos Santos é recordar o 25 de Abril. Eles estão intimamente ligados pelas palavras que nos deixou e que estão espalhadas, mais uma vez, por um grande número de blogs.
Recordemos o poeta, minha amiga.
Um abraço
Uma grande homenagem, a um grande poeta, e um grande homem!
Ary dos Santos, nunca morre. Está bem vivo dentro de nós, daqueles que lutaram, e amam a liberdade!
Beijinhos grandes
Mário
Enviar um comentário
Subscrever Enviar feedback [Atom]
<< Página inicial