terça-feira, 13 de novembro de 2007

PELA LIBERDADE...

Durante as curtas viagens que, todos os dias, faço de e para o trabalho, aproveito para ouvir algumas notícias que, de outra forma, me passariam à margem. Ligo o rádio na TSF e, lá vou eu tranquila até ao meu destino.
Há dias, durante uma dessas viagens e um dos blocos noticiosos, ou simplesmente uma reportagem, ouvi a história interessante de duas pessoas, hoje marido e mulher, que sempre conviveram desde a infância e, sempre se reconheceram como diferentes.
Enquanto crianças e jovens, eram duas meninas ou raparigas.
Mas, uma delas sempre entendeu que vivia num corpo que não era o seu, porque o seu ser era diferente - NÃO SE SENTIA MULHER, bem pelo contrário, por isso, sempre lhe chamaram " A MARIA RAPAZ".
Por sua vez, a outra, aquela que sempre se sentiu feminina, sempre foi muito próxima da Maria Rapaz e, segundo seu próprio testemunho falado, nunca a sentiu como uma menina, rapariga ou mulher. Ao contrário, sentiu-a sempre como um menino, rapaz e, hoje Homem.
Felizmente, a medicina tem vindo a evoluir e, este Homem vive hoje no seu corpo masculino completo.
Hoje, ambos formam um casal comum e vivem um casamento comum que, desejo profundamente, seja feliz até ao fim de seus dias. Esta história comoveu-me e, deixou-me a pensar na infelicidade com tantos seres ainda hoje vivem, somente porque não existe coincidência entre a sua natureza sexual intrínseca e a exteriorização do seu corpo.
É que, apesar de tanto se falar em liberdade, ainda hoje se discrinam pessoas, e por vezes de forma bárbara, devido à sua orientação sexual.
Parece-me, pois, importante que, todos nós, que defendemos verdadeiramente a LIBERDADE em todas as suas dimensões, não calemos as nossas vozes e, condenemos trodas as formas de discriminação, da qual a discrinação sexual é um exemplo vivo.
Por esta razão, deixo hoje, neste espaço, uma palavra de DEFESA DA LIBERDADE SEXUAL.
Declaração de Direitos Sexuais, decidida em Valência, no XIII Congresso Mundial de Sexologia, em 1997
DECLARAÇÃO DOS DIREITOS SEXUAIS
O desenvolvimento total depende da satisfação de necessidades humanas básicas tais quais desejo de contato, intimidade, expressão emocional, prazer, carinho e amor.
Sexualidade é construída através da interação entre o indivíduo e as estruturas sociais. O total desenvolvimento da Sexualidade é essencial para o bem estar individual, interpessoal e social.
Os direitos sexuais são direitos humanos universais baseados na liberdade inerente, dignidade e igualdade para todos os seres humanos. Saúde sexual é um direito fundamental, então saúde sexual deve ser um direito humano básico.
Para assegurarmos que os seres humanos e a sociedade desenvolva uma sexualidade saudável, os seguintes direitos sexuais devem ser reconhecidos, promovidos, respeitados e defendidos por todas sociedades de todas as maneiras.
Saúde sexual é o resultado de um ambiente que reconhece, respeita e exercita estes direitos sexuais.
1. O DIREITO À LIBERDADE SEXUAL – A liberdade sexual diz respeito à possibilidade dos indivíduos em expressar seu potencial sexual. No entanto, aqui se excluem todas as formas de coerção, exploração e abuso em qualquer época ou situações de vida.
2. O DIREITO À AUTONOMIA SEXUAL, INTEGRIDADE SEXUAL E A SEGURANÇA DO CORPO SEXUAL – Este direito envolve a habilidade de uma pessoa em tomar decisões autônomas sobre a própria vida sexual num contexto de ética pessoa e social. Também inclui o controle e p praz er de nossos corpos livres de tortura, mutilação e violência de qualquer tipo.
3. O DIREITO À PRIVACIDADE SEXUAL – O direito às decisões individuais e aos comportamentos sobre intimidade desde que não interfiram nos direitos sexuais dos outros.
4. O DIREITO A LIBERDADE SEXUAL – Liberdade de todas as formas de discriminação, independentemente do sexo, gênero, orientação sexual, idade, raça, classe social, religião, deficiências mentais ou físicas.
5. O DIREITO AO PRAZER SEXUAL – prazer sexual, incluindo auto-erotismo, é uma fonte de bem estar físico, psicológico, intelectual e espiritual.
6. O DIREITO À EXPRESSÃO SEXUAL – A expressão é mais que um prazer erótico ou atos sexuais. Cada indivíduo tem o direito de expressar a sexualidade através da comunicação, toques, expressão emocional e amor.
7. O DIREITO À LIVRE ASSOCIAÇÃO SEXUAL – significa a possibilidade de casamento ou não, ao divórcio, e ao estabelecimento de outros tipos de associações sexuais responsáveis.
8. O DIREITO ÀS ESCOLHAS REPRODUTIVAS LIVRE E RESPONSÁVEIS – É o direito em decidir ter ou não ter filhos, o número e tempo entre cada um, e o direito total aso métodos de regulação da fertilidade.
9. O DIREITO À INFORMAÇÃO BASEADA NO CONHECIMENTO CIENTÍFICO – A informação sexual deve ser gerada através de um processo científico e ético e disseminado em formas apropriadas e a todos os níveis sociais.
10. O DIREITO À EDUCAÇÃO SEXUAL COMPREENSIVA – Este é um processo que dura a vida toda, desde o nascimento, pela vida afora e deveria envolver todas as instituições sociais.
11. O DIREITO A SAÚDE SEXUAL – O cuidado com a saúde sexual deveria estar disponível para a prevenção e tratamento de todos os problemas sexuais, precauções e desordens.

19 Comentários:

Blogger Meg disse...

Este é um belo testemunho de solidariedade social, Maria Faia.

O que acontece é o mesmo que com muitas outras situações que de longe consideramos diferentes. Se vivermos próximos próximo das pessoas e das suas circunstâncias, rápidamente se tornam tão comuns e compreensíveis que deixam de ter qualquer importância.

Direitos temos todos nós a d ser felizes. Não devia ser preciso escrever nem decretar.

Um abraço,

13 de novembro de 2007 às 17:44  
Anonymous Anónimo disse...

Um Artigo bastante interessante e pertinente nos dias que correm e para a sociedade portuguesa, que neste campo ainda tem muito a fazer. Pela Liberdade Sexual, Sim.
Kisses Amigos

13 de novembro de 2007 às 19:51  
Blogger avelaneiraflorida disse...

Querida Maria Faia,

Mais um dos direitos que continuam a ser esquecidos no mundo dos seres HUMANOS!!!!
Que o apelo se alargue...
Bjks

13 de novembro de 2007 às 22:04  
Blogger *Um Momento* disse...

Minha Querida Amiga
Como concordo contigo!
Há descriminação a mais em todos os aspectos
Cada um devia ser livre de viver a sua sexualidade como assim o desejasse
Ninguém tem que opinar seja de que forma for , pois cada um sabe de si e da sua vida
Se ( como já disse e assim o penso) cada um de nós nos preocuparmos com o bem estar de cada um ao invés de andar sempre a criticar ...este mundo seria bem mais belo, pois todo o ser humano tem direito á sua felicidade...

Beijo assim gigante em ti

(*)

14 de novembro de 2007 às 02:14  
Blogger C Valente disse...

Devemos respeitar os outros sim senhor,á casos que a natureza prega partidas respeitar o nosso semelhante é fundamental ,
Tambem ouvi essa reportagem
saudações amigas com um beijo

14 de novembro de 2007 às 02:48  
Blogger Mário Margaride disse...

Querida amiga,

Concordo na íntegra, com todo este texto.

Todos temos o direito legítimo à nossa felicidade. Independentemente das tendências sexuais que cada um de nós escolha.

Um beijinho de grande amizade

14 de novembro de 2007 às 14:43  
Anonymous Anónimo disse...

Concordo e acho que ainda há muito a fazer...
Espero estar de volta!!Não tem sido Fácil!!
Beijinhos

14 de novembro de 2007 às 17:03  
Blogger aramis disse...

Amiga Maria Faia,
Mais um excelente artigo!
Realmente é muito mais fácil ouvirmos levantar vozes e ruídos contra as pessoas que,de certa forma,querem viver pacatamente as suas vidas com a orientação sexual que bem entendem...
Quem "ousa" viver de forma diferente, sente-se como que "acorrentado", pois tudo à volta, em pleno sec.XXI,é um
grito e um sussurro do não à liberdade sexual!
As pessoas são muito pouco tolerantes e adoram colocar rotulos na testa dos outros. Pena é que não estejam mais ocupadas e tenham tanto tempo livre...
Sem atitudes publicas chocantes, que é a unica coisa que poderá estar mal, todos tem o direito a serem felizes.
Beijos

14 de novembro de 2007 às 17:04  
Blogger aramis disse...

Olá boa tarde! Passe no "Aramis-Cavalgada" pois tens lá uma pequena lembrança para si.
Beijinhos

14 de novembro de 2007 às 17:05  
Blogger Jorge P. Guedes disse...

Onde se prova que o verdadeiro sexo está na cabeça.
Logo, discriminar uma pessoa e violentá-la pelas suas tendências sexuais será condená-la a uma vida sem sentido, aprisionada por um aspecto apenas exterior.

Um abraço, Maria Faia.

14 de novembro de 2007 às 17:53  
Blogger Zé Povinho disse...

Também ouvi a reportagem e também concordo integralmente com o texto. A liberdade implica respeito pelo indivíduo, e portanto temos de aceitar as diferenças, que até são uma das características do ser humano.
Abraço do Zé

14 de novembro de 2007 às 18:57  
Blogger papagueno disse...

Como romântico que sou, adoro histórias de amor com final feliz.
A liberdade sexual é um direito fundamental pois a discriminação e preconceito só trazem sofrimento. Felizmente que as mentalidades têm vindo a evoluir, só que bem devagarinho.
Beijos

14 de novembro de 2007 às 19:15  
Blogger Isamar disse...

Mais um belo post dentro do estilo a que nos habituaste.De novo a solidariedade, o respeito, a tolerância ...
Se assim acontecer, se cada um viver dentro dos parâmetros que o ou a faz feliz não é melhor para todos nós?
Infelizmente , muitos discriminam todos aqueles que não encaixam dentro dos quadros ditos "normais".
Mentes estreitas. Há tantas, infelizmente!
Beijinhos

14 de novembro de 2007 às 22:59  
Blogger Isamar disse...

Mais um belo post dentro do estilo a que nos habituaste.De novo a solidariedade, o respeito, a tolerância ...
Se assim acontecer, se cada um viver dentro dos parâmetros que o ou a faz feliz não é melhor para todos nós?
Infelizmente , muitos discriminam todos aqueles que não encaixam dentro dos quadros ditos "normais".
Mentes estreitas. Há tantas, infelizmente!
Beijinhos

14 de novembro de 2007 às 22:59  
Blogger Carminda Pinho disse...

Pela Liberdade sempre!
Claro que nunca me passaria pela cabeça "condenar" alguém pela sua orientação sexual. Nem era necessário ser por decreto.
Mas concordo que há gente cuja mentalidade não consegue "acompanhar" este e outros assuntos.
Bom post, amiga.

PS:Muito obrigada pela "força!"
Beijinhos

15 de novembro de 2007 às 04:32  
Blogger amigona avó e a neta princesa disse...

Estou contigo! Ainda bem que esta história tem final feliz, mas quantas o não terão? Deixei-te uma flor no meu cantinho...beijo, amiga...

15 de novembro de 2007 às 04:55  
Blogger VR disse...

Só uma notinha, Maria Faia, a propósito deste seu oportuno texto.

Em Portuga, e na generalidade dos países "civilizados", os direitos sexuais são crecentemente violados pelo Estado, designadamente o direito à liberdade sexual. Por exemplo o direito à sexuialidade consentida por ambos os intervenientes, sem intromissão do Estado, independentemente da sua idade. Eu tive a minha primeira experiência sexual aos 14 anos, com uma mulher de 18, o que resultaria hoje na sua prisão acusada de pedofilia. O que não posso achar justo de maneira alguma. Também para haver igualdade sexual, seria necessário que os homens deixassem de ser sistematicamente discriminados em matérias como por exemplo o assédio sexual. Agora mandar um piropo a uma rapariga já dá multa (ou até prisão)! Mas se for a rapariga a mandar o piropo, isso já é "normal". Das duas uma: ou se mandam estas ideias "politicamente correctas" sobre a sexualidade à fava, ou então devemos começar a levar mesmo a sério tudo isto, acabando desde logo com a discriminação que tende a crescer cada vez mais sobre os homens. Eu por exemplo fixo escandalizadíssimo quando uma rapariga se atreve a comentar o meu traseiro com a amiga do lado, ou quando uma outra rapariga observa com olhar lascivo o volume que se destaca sob as calças no meu entre-pernas! Eu já para evitar de olhar as maminhas das aolescentes na praia, coisa que obviamente detesto ver, e também os rabinhos mal resguardados pelo fio dental, levo sempre comigo um livro de cálculo infinitesimal para assim me distrair das coisas más, evitando além disso ser acusado de pedófilo por algum polícia da "moral pública" que passe por perto. Também para não me assediarem sexualmente, opto por ir de fato de lã escura, calça, peitilho branco sem gravata para não afoguear,lenço ao pescoço e chapéu de feltro de aba larga. Às vezes uso uma samarra, quando a temperatura não vai além dos 40 graus celsius.

O Estado tem pois muito que legislar sobre isto, criando regras rígidas que moralizem a nossa desmoralizada sociedade, No caso da praia deve proibir o uso indecoroso de mini-saias tipo cachecol; o protector solar e o creme hidratante devem vir já aplicados de casa; as meninas e os meninos menores de idade devem estar confinados a uma zona isolada e vigiada da praia,de forma a prevenir perversões como o voyeurismo criminoso; nada de gestos obscenos (tipo meter a mão dentro dos calções para tirar a areia dos testículos) ou piropos desagradáveis, do tipo "és boa comó milho"; nada de bikini ou fatos de banho reduzidos (em portaria definir-se-ão as áreas de pele exposta permitidas, sendo que o uso do fio dental devia ser proibido). Nada de gestos exibicionistas, coisa que potencia o crime, como aquele de afagar longamente os bíceps bronzeados. Nada de desportos ou actividades que suscitem ideias potencialmente criminosas, como aquela mania de atirar o disco (um disco em pleno voo presdispõe a líbido humana para a evasão, e um homem nunca pode esquecer as suas responsabilidades quer para com o Estado quer para com a Ordem Moral). Um homem quando vai para a praia deve fazer-se acompanhar obriatoriamente pela mulher ou, na ausência desta, pela sogra, Uma mulher deve obrigatoriamente fazer-se acompanhar pelo seu esposo legítimo ou, na ausência deste, por um cão de raça e dimensões a definir por despacho conjunto dos Ministros do Mar e dos Assuntos Veterinários. Quem violar a lei será afogado sem dó nem piedade...


Um abraço,

Valdemar Rodrigues

15 de novembro de 2007 às 06:53  
Blogger Espaços abertos.. disse...

O respeito pelo nosso semelhante é fundamental,as pessoas não devem ser julgadas pelas suas opções sexuais,é um direito que lhes assiste,são trabalhadores e contribuintes tal como nós.
Bjs Zita

15 de novembro de 2007 às 09:21  
Blogger António Inglês disse...

Acho que foi tudo dito nos comentários anteriores.
Comungo da maioria das opiniões.
Um abraço
José Gonçalves

16 de novembro de 2007 às 00:33  

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