sexta-feira, 12 de outubro de 2007

CIDADANIA E LIBERDADE...

Recebi de um Amigo uma mensagem que me deixou deveras emocionada e que, pelo testemunho cívico que encerra, quero partilhar.
Fala da vida e coragem de uma MULHER, da qual eu nunca tinha ouvido falar e que, pelo testemunho que me foi dado, agora, conhecer, merece de todos os Homens e Mulheres deste país livre e democrata, a mais sentida homenagem.
Cada um faz o que pode, e eu, com os meus escassos recursos, tentarei manter a chama da memória viva.
Eis Julieta Gandra.
" Não foi notícia, na comunicação social portuguesas a morte de Julieta Gandra, a médica portuguesa incriminada pela PIDE em 1959 e condenada no primeiro julgamento político do nacionalismo angolano moderno, o chamado «processo dos cinquenta» onde a par de muitas militantes angolanos figuravam alguns portugueses como António Veloso, Calazans Duarte e Julieta Gandra, que foram deportados para cadeias em Portugal, tendo os angolanos sido deportados para Cabo Verde, onde ficaram internados no campo de concentração do Tarrafal que assim reabria as suas portas em 1960, agora para outros presos políticos, os angolanos. O falecimento de Julieta Gandra não foi notícia para jornais, rádios ou televisões de Portugal. Apenas a SIC passou em rodapé uma breve informação. Outras pessoas, alguma de bem menor envergadura que J.Gandra preencheram o obituário da comunicação social portuguesa. Nos anos 50 do século XX, Julieta Gandra, ginecologista (especialidade raríssima na Luanda de então) atendia no seu consultório da Baixa as clientes da sociedade colonial, tirando daí os seus proventos, e, nos musseques, atendia em modesto consultório, a preço simbólico, as mulheres desses bairros suburbanos. Simultaneamente participava em actividades do Cine-Clube e da Sociedade Cultural de Angola realizando também actividade política em organização clandestina do nacionalismo angolano. Por isso foi presa pela polícia do regime salazarista, condenada a pesada pena de prisão, internada em cadeias de Portugal. Quer nos interrogatórios da PIDE, quer nas cadeias, portou-se com uma dignidade exemplar.
Em 1964 foi considerada a presa do ano pela Amnistia Internacional.
Esta breve resenha da vida cívica de Julieta Gandra cabia em qualquer jornal ou bloco informativo de rádio ou televisão mas os profissionais da comunicação social, sem brio nem remorsos, omitem uma curta e última referência a esta médica portuguesa que foi marco na luta pela liberdade da Mulher e dos Povos. "

20 Comentários:

Blogger Verena Sánchez Doering disse...

entonces sigamos luchando por un mundo mejor
que nunca mas sucedan en estes mundo estas cosas
la vida es libertad para todos, no porque piensen diferentes, al contrario cada uno de nosotros defiende sus derechos y sus pensamientos
a seguir luchando por un mundo mejor, por eso es importante no callar lo que va sucediendo con injusticia
gracias por cada una de tus palabras amiga y tu compañia en Freyja
eres una linda amiga que siempre me acompaña
te dejo muchos cariños y que estes muy bien, cuidate mucho
mil besitos


besos y sueños

12 de outubro de 2007 às 05:03  
Anonymous Anónimo disse...

Também não conhecia a história que nos trazes! Ainda bem que foi ter contigo , que lhe deste o tratamento mais que merecido. Enfim quanto ao pouco interesse da comunicação social não digo mais do que isto:não viveram nesse tempo, logo não tem sensibilidade para honrar pessoas como estas que em tempos difíceis lutaram pela liberdade dos povos.

Parabéns e um bj.
A.Francisco

12 de outubro de 2007 às 10:20  
Blogger MARA CARVALHO (pseudónimo) disse...

Olá amiga!

Finalmente estou de volta, e prometo que vou tentar não me ausentar novamente por muito tempo, pelo menos para lhe deixar sempre que possível, o meu contributo, que ainda que modesto, me permite, com muito gosto, expressar a minha opinião.
Porém, como sabe, nunca deixei de fazer a minha visita diária ao seu cantinho, hábito do qual já não prescindo.
Quanto à história de Julieta Gandra, confesso que não conhecia, e muitos comentários poderia fazer sobre a mesma, mas o que me ocorre de imediato, é dizer que, apesar de sempre ouvirmos que " dos fracos não reza a história", se calhar hoje em dia já não é bem assim.
Aquilo a que assistimos cada vez mais, é a uma crescente e absurda notoriedade de pessoas sem interesse, sem qualidades, sem passados de luta, pobres de espírito e de valores, em detrimento de outros, esses sim sres de grande riqueza interior, de sólido carácter, e com passados de luta e de defesa de ideais hoje em dia desvalorizados e mesmo ignorados.
É triste, é injusto, e até absurdo, mas este é o Mundo em que vivemos, e apenas nos resta, a nós, que somos diferentes, divulgar e homenagear estes corajosos e lutadores heróis, esses sim, dignos da nossa Admiração e Respeito!
Um abraço

12 de outubro de 2007 às 12:17  
Blogger António Inglês disse...

E ainda há quem vá reactivando a saudade de outros tempos...
A memória é curta para muita gente...
Histórias como esta foram seguramente muitas e silenciadas...
Um abraço
José Gonçalves

12 de outubro de 2007 às 12:20  
Blogger Luís Galego disse...

vivendo e aprendendo. Desconhecia!!! Lutar por um mundo melhor, vale a pena, embora se pague alto por isso. Foi bom vir aqui, hoje.

12 de outubro de 2007 às 14:23  
Anonymous Anónimo disse...

Querida Maria Faia,
Li e reli esta história do que posso concluir ter sido uma grande mulher...
Como esta, tantas pessoas que não sabemos porquê, são omitidas na comunicação social. E deram um verdadeiro testemunho de vida, lutando e sofrendo pela vida em liberdade.
São mais importentes os assuntos do futebol, as fofocas sociais, o "bruxedo" do caso Mady, as telenovelas... ou seja, tudo o que põe o nosso povo como que embriagado, sem ficar a reagir a coisas tão importantes que se passam no dia a dia!
Desejo que a MariaFaia nunca pare a sua luta e que tenha sempre a força interior de denunciar!

Beijos muitos

12 de outubro de 2007 às 16:46  
Blogger Isamar disse...

Não tive conhecimento da sua morte embora tivesse já ouvido falar de Julieta Gandra.Relembras-nos e muito bem aquela que tanto fez por muitas mulheres embora nunca tivesse pactuado com a ditadura. E era preciso?

Beijinhossss

12 de outubro de 2007 às 17:28  
Blogger Meg disse...

Se me lembro, Maria Faia.Embora fosse muito garota.
Dra.Julieta Gandra e o dr.Cochat Osório... eram os únicos ginecologistas. Eu era muito miúda mas soube mais tarde toda a história. Porque não se podia falar, nem à frente das crianças!
Obrigada pela solidariedade
Beijinhos

12 de outubro de 2007 às 20:59  
Blogger Izelda Maia disse...

Estimada Maria, parabéns pelo belíssimo post. Graças a essa interação entre os blogs nós ficamos sabendo de história assim, pessoas que lutaram em defesa de uma causa, e que na maioria das vezes não são reconhecidas como merecem.

Um feliz fim de semana, amiga.

Abraços.

12 de outubro de 2007 às 22:17  
Blogger Carminda Pinho disse...

Desconhecia de todo que existiu uma grande mulher (pelo relato) de seu nome Julieta Gandra.
Valeu-me a tua solidariedade para que ficasse a conhecer parte da sua vida.
Bem hajas!
Beijinhos

12 de outubro de 2007 às 23:48  
Blogger Bípede Implume disse...

Maria Faia
Desconhecia a existência de mais esta grande mulher que a sensibiidade da minha amiga, nos quis dar a conhecer. Haverá muitas mais neste redondo silêncio a que são votadas.
Daí a importância destes testemunhos.
Muito obrigada.
Bom fim de semana, amiga.
Beiinhos.

13 de outubro de 2007 às 01:26  
Blogger Jorge P. Guedes disse...

Confesso o meu desconhecimento em relação à pessoa em questão.

Naturalmente que uma referência mais detalhada da comunicação social ajudaria muitos, como, eu, que não estavm a par da sua actividade.

Lamento e pergunto-me com quantas centenas mais ocorrerá a mesma situação?

Um abraço.

13 de outubro de 2007 às 10:57  
Anonymous Anónimo disse...

Olá Alzira

Escrevi-lhe para lhe perguntar se me podia enviar novamente as fotografias porque não sei o que se com meu e-mail porque ele apagou-as e tambem lhe queria perguntar se já me mandou o documento do meu avô

13 de outubro de 2007 às 11:37  
Blogger José Faria disse...

O nosso mundo está repleto de histórias veridicas que devem servir de ensinamento e alerta. De um DESPERTAR CONSTANTE contra a agressividade deste mundo supérfluo.
Precisamos trazer à luz e ao conhecimento muitas mais histórias como estas, e tantas e tantas a decorrer ainda, por esse mundo fora.
Obrigado Maria Faia

13 de outubro de 2007 às 14:52  
Blogger Lusófona disse...

Nossa!! Maria, fiquei arrepiada...

13 de outubro de 2007 às 16:52  
Blogger Bichodeconta disse...

Parabéns Maria..Mais uma vez o tema merece toda a nossa atenção e sobretudo uma homenagem..A par com Catarina Eufémia, e tantas outras mulheres,que pagaram o alto preço que sempre se pagou por defender ideias de justiça cada vez mais esquecidas de alguns..JULIETA GANDRA...Soltan-se os pedófilos, os crimes de violencia doméstica deixam de ser penalizados, os ladrões povoneiam-se por ai a rir na cara das autoridades.. PARA ONDE SEGUIMOS NÓS? Deixo um grande abraço, ell

14 de outubro de 2007 às 20:05  
Blogger avelaneiraflorida disse...

Querida Maria Faia!!!!!


"BRIGADOS", "BRIGADOS" por este teu post!!!!

A mensagem não pode perder-se!!!
A MEMÒRIA NÂO PODE APAGAR_SE!!!!
Homenagem a essa e a todas as mulheres lutadoras, e injustamente, ignoradas...

Bjks

14 de outubro de 2007 às 21:58  
Blogger Lúcia Duarte disse...

é bom não deixar esquecer este caso e muitos que, como este, muitas vezes na escuridão, se passaram. aliás, ainda existem!
bom é saber que essa sua alma sensivel nos vai refrescando a memória e nos vai ajudando a lutar por um mundo melhor

14 de outubro de 2007 às 21:59  
Blogger Joaquim Moedas Duarte disse...

Também quero felicitar-te por este "memorandum".
Há que relembrar sempre.
Saudações amigas e... obrigado pelas tuas visitas!
Boa semana!

14 de outubro de 2007 às 22:57  
Blogger papagueno disse...

É triste mas é verdade. Sei que pelo menos na redação do público, o provedor recebeu vários protestos por esta omissão. É neste país, muitos nem depois de mortos vêem reconhecidos os seues méritos.
Beijos

16 de outubro de 2007 às 14:47  

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