No mundo em que vivemos, onde a distribuição da riqueza se processa de uma forma tão desigual e desumanizada, em que cerca de 250 pessoas têm tanto como 80% da população global, é imperioso que os governos, bem como os cidadãos socialmente empenhados, reflictam seriamente sobre o rumo que se pretende para o devir.
Obrigatoriamente, a sociedade tem que retomar uma reflexão humana.
Decerto todos concordamos que vivemos, hoje, numa economia global assente em princípios de mercado capitalista, em que o Homem se apresenta como um Ser egoísta e individualista e, em que a desigual distribuição da riqueza é, em grande parte, fruto de negligência política, a nível mundial.
Raros são os políticos que, na prática, conseguem vencer as barreiras políticas e económicas.
Assim, para se compreender e encetar, verdadeiramente, um trajecto de luta contra a pobreza, necessário será que o Homem seja capaz de, no dia a dia, activamente e não só pela mera enunciação de princípios, construir uma sociedade mais altruísta, humana e solidária.
O que é, nos dias de hoje, a pobreza de que tanto e tantos falam?
Será a fome, a insegurança, o analfabetismo ou a desqualificação?
Ou será antes, numa perspectiva global, todo este conjunto de carências humanas/sociais?
Quanto a mim, entendo a pobreza de uma forma global e não individual.
A fome é ou não uma séria ameaça à segurança individual e colectiva?
O problema da fome é ou não, fundamentalmente, um problema de desenvolvimento, de cultura e de justiça social?
Normalmente, quem se preocupa com os pobres, coloca-se na atitude de alguém que quer ajudar a resolver o problema (dando uma esmola, ajudando ou apoiando, individualmente, os mais carenciados de que tem notícia etc...), quando, na verdade, deveria sentir-se como parte do próprio problema.
A pobreza não é um problema individual. É, ao contrário, um grave problema global das sociedades contemporâneas.
Já nesta medida, em 1995, na Conferência de Desenvolvimento Social, em Copenhaga, todos os Chefes de Estado se comprometeram em erradicar a fome e a pobreza nos seus países.
No entanto, não se pense que somente ao Estado compete promover o desenvolvimento.
O desenvolvimento deve ser encarado também como auto-desenvolvimento, um desenvolvimento integral em que Estados e Indivíduos se empenhem mutuamente na sua promoção.
Ora, parece-me ser um dado adquirido, a existência, a nível mundial, de um considerável défice de sensibilidade humanista pelo que, urgente se torna que, gradualmente, se vá operando a necessária conversão de mentalidades para novos padrões de justiça e de participação social.
Só assim “construiremos” sociedades em que Estado e Indivíduos promovam o Desenvolvimento sob uma perspectiva de Dignificação e de Respeito Humano e construiremos um verdadeiro círculo de Amor entre os Homens.
Maria Faia