domingo, 8 de abril de 2007

CONTRADIÇÕES...

"Ele distribuiu e deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre."
in, Evangelho de S. Paulo aos Coríntios
Celebram, neste tempo, as religiões Judaico-Cristãs a festividade da Páscoa.A Páscoa era, primitivamente, um rito anual de pastores nómadas que, para celebrar a vida da família e dos rebanhos, comiam festivamente um cordeiro.
Com o acontecimento histórico e bíblico do Êxodo, o ritual adquire um sentido novo: A Páscoa será o memorial do Deus vivo que salva o povo de Israel, fazendo-o passar da escravidão à liberdade, da morte à vida. Ao longo de todas as gerações, este ritual Pascal mantém viva a memória daquela libertação.
Nos nossos dias, a festividade Pascal como que se transfigura: dinamiza-se com ela o comércio de doçarias, recolhe o clero a Côngrua dos paroquianos e pouco mais...
Há algum tempo atrás visitei o Vaticano e, como não podia deixar de ser, a Catedral de S. Pedro. Verifiquei que a chamada casa de Pedro, é um santuário à imponência e riqueza acumulada pela Igreja Católica durante séculos.É um lugar onde não me senti convidada à oração... onde não senti a vibração necessária para orar e meditar. Ao contrário, apresentou-se-me como qualquer museu visitável, com a agravante de, sendo considerado "Casa de Deus" não mostrar sinais de recolhimento, de solidariedade e de simplicidade.
Senti-me revoltada, traída no mais íntimo do meu ser. Afinal, o exemplo de Cristo não foi a pobreza, a misericórdia e a solidariedade?!É caso para questionar: se Cristo regressasse hoje à terra, e se dirigisse à Sua casa e casa de Pedro, que fariam os actuais Sumo-Pontífices?! Matá-lo-iam por blasfemo?!

18 Comentários:

Anonymous Anónimo disse...

Artigo e Reflexão muito pertinente. O Vaticano, uma instituição e um estado, é hoje o último resquício do faustoso Império Romano...
Kiss

8 de abril de 2007 às 18:20  
Anonymous Anónimo disse...

Olá Maria Faia,
Acho o teu blog muito interessante.
Nesta postagem, esqueceste-te de referir, por comparação com a Basílica de S. Pedro, a humildade e carga espiritual que se sente nas Catacumbas romanas, tão próximas da referida Basílica.
Continua este teu trabalho de análise e meditação. Vale a pena.

8 de abril de 2007 às 18:31  
Blogger Alzira Henriques disse...

Olá João,
Fico muito satisfeita que gostes do blog. A tua opinião é uma muito boa referência para mim.
Obrigado pelo teu comentário.
Já me esquecia, tens toda a razão quanto à observação que fazes.

8 de abril de 2007 às 18:48  
Blogger Maria Faia disse...

É verdade Ludovicus.
Para os Católicos que acreditam na humildade, na fraternidade e nos valores espirituais sobrepostos aos materiais, a faustosidade do Vaticano só pode agredir consciências...
Kiss

8 de abril de 2007 às 18:53  
Anonymous Anónimo disse...

Minha querida amiga MariaFaia, a tua postagem de hoje é de facto motivo de reflexão por parte de todos nós, cidadãos do mundo.
Na parte que me toca, não me admiro nada com a arte do vaticano, que esmaga qualquer pessoa e a torna submissa, aliás já não é de agora que os Estados se valem da arte para subjugar os seus subditos, basta dar uma olhadela a todos os Imperios que têm atravessado a humanidade, para constatar essa realidade indementivel e o Estado do Vaticano não foge à regra. Por outro lado, sabemos tambem que Roma foi sempre muito ciosa dos seus bens materiais, tornando-se um Estado altamente centralizador, autoritário e dogmático - Galileu que o diga. Assim sendo, vejamos: os padres são de facto funicionários ao serviço de Roma,aquilo que nos pertuba são de facto os bispos e cardeais os ministros de Roma que em fim de tarde vão encaminhando suavemente os deve e, os haver da economia do Vaticano. Um universo de bem-estar e eficiencia, de senhores purpurados do dinheiro e os seus dilectos funcionarios de batina preta, em oposição por exemplo a uma America Latina; dita cristã, sofredora e pobre a todos os niveis, mas que continua a beijar a mão debruada a purpura.
Não vos quero deixar sem citar para reflexão um enxerto do texto da contra capa da obra do Professor Doutor Moises Espirito Santo - "A Religião na Mudança - A Nova Era"; edição da UNL.
"A Nova Era (do Social e do Espiritual) chegou. O cristianismo já é considerado como a "religião de saída da religião" entendendo por religião um acervo de doutrinas e de práticas comunitárias indispensáveis para a salvação. Mas este cristianismo "de saída" é o dogmático inventado pela Europa medieval, que não a doutrina original, relativizadora, centrada no indivíduo, com que Jesus Cristo revolucionou as relações com Deus. Os dogmatismos e a mora católica unívoca e totalitária (produto do Ocidente, e portanto acidental, sem relação com os Evangelhos)morreram com o seculo XX enquanto o individualismo religioso se difunde nas massas, sem distinção de fronteiras e de culturas... imparável como a globalização, de modo que só com o 3º milénio é que "Chegou a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espirito e verdade. Tais são os adoradores que o Pai procura" (Ev. de João 4:23)."
Vale mesmo a pena ler esta obra e reflectir.
Um beijinho para ti MariaFaia.

8 de abril de 2007 às 21:18  
Blogger ANTONIO DELGADO disse...

Se todas as riquezas do Vaticano, incluídas as obras de arte, espalhadas pelo mundo inteiro, fossem vendidas e o dinheiro empregue naquilo que a religião católica predica bem como o dinheiro que permite viver faustosamente certos dirigentes católicos, por certo, muitos dos problemas, como pobreza, assistência aos mais carenciados e educação poderiam estar melhor encaminhados. Como vivemos de símbolos e recordo que o catolicismo apenas vende ilusões e no caso da pobreza, sabe-se, que esta bem gerida é das maiores fontes de rendimento que há!
Para uma pessoa sensata como tu não me causa estranheza esse incomodo ao visitares a opulência do VATICANO. Talvez não saibas mas houve um projecto, na ONU de equiparar este Estado, sem exército, que não tolera a mulheres (celebrar missa acederem a bispos e cardeais) que não as deixa aceder à governação, nele a paridade não se põe, de equipara-lo a uma ONG.

Beijinhos
António

8 de abril de 2007 às 23:07  
Blogger Maria Faia disse...

Meu Bom Amigo Tozé,
Vê-se que és entendido e esclarecido nestas coisas da religião.
Muito bom comentário.
Obrigado pela tua colaboração e carinho.
Maria Faia

8 de abril de 2007 às 23:37  
Blogger Maria Faia disse...

Estimado António,

Concordo inteiramente.
De facto, é arrepiante pensar que, por dia, morrem milhares de crianças por todo o mundo, por desnutrição e maus tratos e, a par dessa dura realidade, temos uma Igreja que acumula riqueza ao longo de todas as gerações.
Não foi, sefuramente, este o ensinamento de Cristo.

8 de abril de 2007 às 23:41  
Anonymous Anónimo disse...

Amiga Maria Faia,
Achei o seu artigo muito pertinente. Sendo a época pascal sinónimo de renascimento, espero que a cada dia renasça no coração dos Homens a solidariedade e o amor ao próximo, que os valores espirituais se sobreponham aos materiais e que a Paz reine para sempre no coração dos Homens de boa vontade.
Bjokas

9 de abril de 2007 às 19:17  
Blogger Maria Faia disse...

Olá Orquídea,
É com satisfação que recebo a sua visita e, não posso deixar de me congratular com o seu comentário.
Com efeito, o que falta à humanidade é HUMANISMO, no sentido em que o refere.
Infelizmente, assiste-se, com demasiada frequência, a acções de violência contra os princípios que defendemos pelo que, nunca é demais levantarmos a voz para os defender.
Beijo Amigo.

Maria Faia

10 de abril de 2007 às 13:41  
Anonymous Anónimo disse...

A Páscoa é uma época de esperança, de renovação de cada um de nós
Cada um vive de forma especial e diferente esta época
A minha, costumo passá-la no Minho onde os costumes ainda vão sendo um valor a preservar entre as familias e os amigos e conhecidos
Tento nem pensar em toda a riqueza de que a Igreja se rodeia porque não foi esta luxúria que Cristo gostaria de ver ao serviço daqueles que se dizem seus representantes
Roma? Vaticano? Tambem já lá estive e senti os mesmos incómodos Gostei muito da cidade e da sua monumentalidade, caracteristica da maioria das cidades italianas
Por isso, ando mais perto dos que vão espalhando entre os seus a amizade, a solidadriedade, a fraternidade e o amor.
Beijinhos e espero que tenha tido uma Páscoa com as tais amêndoas....
VENTOS DA BAÍA

10 de abril de 2007 às 13:51  
Anonymous Anónimo disse...

Maria Faia
Para início do teu BLOG, começaste com força e não te doam as mãos, para segurares a caneta e escreveres verdades como as que aqui apresentas. Força e continua que estás no bom caminho.

10 de abril de 2007 às 18:59  
Anonymous Anónimo disse...

Maria Faia,
Devo dizer-te que nunca visitei a Catedral de S. Pedro para me aperceber da sua imponência e riqueza mas, basta-me olhar e apreciar os milhares de euros que são gastos no Santuário de Fátima para verificar que a solidariedade e a simplicidade passam ao lado de muita gente.
Quantas famílias há neste distrito, com carências de toda a natureza!...
É normal, para todos os que de perto lidam com situações de vida difíceis neste Distrito, se sintam defraudados no mais íntimo do seu ser e, só por isso, não consigo visitar estes lugares.
O meu recolhimento faço-o falando comigo própria e com o Deus em que acredito:
- Um Homem Bom, Honesto, Solidário, que lutou até à morte, pela liberdade e igualdade entre os povos.

10 de abril de 2007 às 19:14  
Blogger Maria Faia disse...

Meu Caro Amigo Ventos da Baía,
É sempre bom e reconfortante ouvir uma palavra amiga. Por isso, agradeço a sua visita.
Quanto à Páscoa que passei... o que é que posso dizer? Talvez que a sua foi bem melhor que a minha, uma vez que a passou num lugar lindo e com pessoas lindas.
Um beijo amigo para si.

11 de abril de 2007 às 23:24  
Blogger Maria Faia disse...

Meus queridos amigos Edite e A. José,

Tenho a certeza que com a vossa colaboração e apoio, este espaço será muito mais rico para todos.
Beijo para vós

11 de abril de 2007 às 23:25  
Anonymous Anónimo disse...

Cara amiga,

Parabéns pelo blog e pelo tema bastante pertinente, e infelizmente tão real.
De facto, é cada vez mais terrível e revoltante constatar as desigualdades existentes entre seres humanos, que em comum só têm o facto de nascerem e morrerem todos, sem excepção,(mesmo assim com algumas diferenças ).
É triste constatar que a fome, a doença e tantos outros sofimentos, estejam directamente ligados a uma realidade tão cruel como o simples facto de um ser humano estar destinado a esses e outros males, apenas porque nasceu no local errado do Mundo.
É pena que aos privilegiados que nasceram no local certo e que são possuidores de tantos bens e riquezas, não esteja associado um forte espírito de solidariedade e tomada de consciência de forma a praticarem o que tantos deles hipócritamente apregoam.

Concordo especialmente com o António Delgado quando diz " Se todas as riquezas do Vaticano.. espalhadas pelo mundo inteiro, fossem vendidas e o dinheiro empregue naquilo que a religião católica predica...por certo, muitos dos problemas, como pobreza, assistência aos mais carenciados e educação poderiam estar melhor encaminhados.

Como me choca tanta hipocrisia e egoísmo revelados por cada vez mais pessoas!!!
Vivem de aparências, apregoam o que não praticam e acima de tudo são autistas, cegos, surdos e mudos a todas as realidades incómodas e a todas as vozes denunciantes das injustiças e desigualdades.

Que a vos não nos doa na denúncia e na solidariedade de tudo o que está errado neste Mundo em que vivemos.

UM BEIJO AMIGO

12 de abril de 2007 às 13:10  
Blogger Maria Faia disse...

Pois é Mara,
Infelizmente a sociedade em que vivemos perverteu os valores essenciais da solidariedade e do humanismo.
E, o que mais me revolta é ouvir pessoas que eu conheço apregoar moralidades e sentido ético quando, na verdade, a sua vida, as suas acções para com os outros, são manifestamente opostas ao que apregoam. Usam-se valores que não se vivem para conquistar outros e atingir objectivos individuais. É a arte da manipulação individual.
Nada como sermos verdadeiros, em palavras e acções e, se todos o fizermos, este mundo tornar-se-á um melhor espaço para vivermos e seremos todos mais felizes.

Beijo amigo

12 de abril de 2007 às 13:35  
Blogger Pere Tarter disse...

la vida és una continua contradicció

16 de abril de 2007 às 17:45  

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