terça-feira, 17 de abril de 2007

CAMPO DE LIBERDADE...

Era criança… Gostava de correr por entre os campos sulcados pela faina dos arados, Fertilizados pelo suor daqueles homens e mulheres que eu via, ano após ano, semeando o trigo, milho, centeio ou cevada. Meu avô, mestre de agricultura, lançava à terra a semente de que brotava o pão e seu sustento. Olhava, com olhos de criança pura, o cereal já crescido, fruto do trabalho laborioso daquele Homem simples, meigo e engenhoso, ligado à terra que, com carinho e afinco, fazia brotar da semente o alimento e a vida. A felicidade que invadia o meu ser, correndo por entre aquelas searas verdejantes, compreendo-a hoje melhor do que ontem. Era o pulsar da vida que brotava em mim, a união celestial do sol, da terra, da água, da lua e do Homem, todos laborando para a construção da Humanidade. Era o sinal supremo do crescimento, fertilidade e renascimento da vida. Vida que a noite renova, retempera e acalma. Ainda hoje, procuro na noite estrelada, a beleza da luz do infinito, a paz do espírito cansado, a harmonia que irradia aquela lua distante, segura na palma de minha mão,
O cheiro da terra suada… A Verdade, semente fundamental da existência, germinando no interior da alma humana, fazendo brotar os mais lindos cânticos de Paz e Liberdade. Afinal, também o meu avô era um campo onde a semente germinava!
Um Mestre de Liberdade… Afinal, todos nós podemos ser sementes de vida lançadas à terra,
Fazer germinar sob a abóbada celeste, as mais lindas Espigas de
Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Maria Faia – Abril/2000

26 Comentários:

Blogger ANTONIO DELGADO disse...

É muito verdade o que dizes o "mundo é uma bola de sabão e esta na nossa mão"...não me lembro muito bem do resto mas sei que o seu sentido da letra era que tudo está em nós. O problema e que como espiritos imperfeitos que somos eles oxidam-se com o tempo, com as maguas da vida, com os interesses mesquinhos, com igoismos, com os medos com as fobias e outras tantas coisa que nos tranmitem levando-os muitas vezes para o campo amor proprio para dar passo ao amor afastado. E assim por vezes recebemos o frio da solidão e este muitas vezes chega mesmo das mãos mais apaixonadas. É por isso que só Deus sabe quantos vivem en santidade de intenções.Mas com as recordações se brinca e se distrai o esquecimento e com ela se transforma a solidão que no fundo e concebida à nossa imagem e semelhança. O teu avó foi um grande homem.

É muito bonita a esta postagem
Beijinhos
Antonio


beijinhos
antónio

17 de abril de 2007 às 23:55  
Anonymous Anónimo disse...

Parabéns...
Que força secreta consegue realizar tanta beleza que ornamenta as palavras em que o amor reina.
Podes continuar...

18 de abril de 2007 às 00:09  
Anonymous Anónimo disse...

Há dentro de mim uma confusão de sentimentos que não me têm deixado clarificar de forma segura onde quero estar nem como.
Acidentalmente, do feliz encontro de um ribatejano e de uma minhota nasceram três rebentos, dos quais um sou eu. Desde sempre que me recordo das férias prolongadas que fazia nas casas modestas mas repletas de amor das minhas avós.
Um turbilhão de cheiros e paz me inundava naquelas alturas em que a minha vontade pouco importava. Hoje sou eu que os procuro como de alimento se trate.
Duas regiões tão distintas, cujas gentes enchem a alma de quem lá passa.
Ontem como hoje entrego-me e embrenho-me de alma e coração por entre fragas e lezírias que me confundem e me deixam sem poder de decisão. Em qual delas me sinto melhor, em qual delas quero respirar?
Depois, em pequeno lembro-me da vontade que tinha em ser grande e poder abraçar tudo aquilo que me rodeava. Pensava eu que bastaria para isso que os meus braços fossem maiores para que isso acontecesse.
Hoje, (como as coisas se transformam), quero voltar a ser pequeno para poder correr por entre o trigo e o milho, para poder sentir o cheiro de toiros e cavalos e continuo em tremenda encruzilhada sem saber onde quero estar nem como.
Como eu a compreendo minha amiga
VENTOS DA BAÍA

18 de abril de 2007 às 00:35  
Blogger Maria Faia disse...

Obrigado António,

Esta postagem é apenas o sentir verdadeiro da minha infância.
Como eu era feliz então...
Uma noite tranquila e feliz para ti.

18 de abril de 2007 às 00:47  
Blogger Maria Faia disse...

Acácia de Cristal...
Que nome lindo escolheu!
Parece-me que é a primeira vez que cruza este caminho.
Seja benvindo (ou benvinda, não sei).
Muito obrigado pelas palavras carinhosas que deixou.

18 de abril de 2007 às 00:50  
Blogger Maria Faia disse...

Meu caro Amigo Ventos da Baía,

Parece que ambos revivemos, hoje, a nossa infância...
Que bom!.
Que estas memórias felizes nos transportem, nem que seja por escassos momentos, para um mundo mais fraterno.
Beijo Amigo

18 de abril de 2007 às 00:53  
Anonymous Anónimo disse...

A procura da Paz interior, da harmonia com o Universo à nossa volta é um dos mais profundos e nobres anseios do Homem. Infelizmente,quantas vezes não vivemos nós em contradição com este objectivo apregoado? quantas vezes não nos deixamos cegar pelo brilho das lantejoulas, confundindo projecção, poder e influência pessoal com felicidade? Quantas vezes não queimamos as pestanas em nome desses objectivos e substituimos o Sol e a Lua, pelas lâmpadas de neon dos escritórios, até já não sabermos quando é de dia ou de noite? Até poluirmos a noite com tanta luz falsa, que as estrelas ficam fora do nosso alcance?
Quantas vezes nos tornamos peças de uma engrenagem acéfala e cega, esquecendo que somos também o grão de trigo de uma espiga... igual aos outros grãos e promessa de vida como eles? Esquecendo que é a seara que abriga o nosso crescimento? Esquecendo que o grão, sozinho, rapidamente é devorado pelos pássaros?
A imagem desse Mestre agricultor, passando a mão ao de leve por sobre as espigas onduladas pelo vento, diz tudo: ele sabe o segredo da força criadora contida em cada uma delas. Ele sabe que elas são a chave que permite a passagem para uma outra visão do mundo....
Obrigada, Maria Faia, por me teres acordado para esta pequena reflexão nocturna. Gostei muito do texto.

18 de abril de 2007 às 01:19  
Blogger Maria Faia disse...

Meu caro(a) Anónimo(a),
Percebo bem o sentido das suas palavras.
Na verdade, não procurando lantejoulas, mesmo assim, também eu, por dever de ofício, queimo muitas vezes as pestanas sob as luzes de néon... A diferença é que o faço para servir quem precisa - os mais desafortunados, sem rendimentos de subsistência, aqueles para quem vale a pena queimar as pestanas se queremos mais dignidade para a vida humana.
É por valores essenciais que, por vezes se olha menos para as estrelas...
Mas este servir, é também uma manifestação de amor e de solidariedade - só esse grande e sentido gosto nos fica na alma.

18 de abril de 2007 às 01:43  
Anonymous Anónimo disse...

Também eu vivi algo semelhante. Lembrei-me do meu e dos tempos no campo... Belo texto Amiga Faia. Liberdade, Igualdade e Fraternidade, Sempre!
Abril, Abril, Abril!

Kiss

18 de abril de 2007 às 02:58  
Blogger Maria Faia disse...

Amigo Ludovicus,
Muitos são os portugueses com vivências semelhantes. A grande diferença está no sentir de cada um.
Mais uma vez, Liberdade, Igualdade e Fraternidade, SEMPRE.

Kiss

18 de abril de 2007 às 10:40  
Blogger MGomes disse...

Não conhecia nem esta linha nem este apeadeiro. Porventura uma será daquelas paragens onde nos podemos deixar envolver pela vida. Assim sendo, voltarei sempre que puder.

18 de abril de 2007 às 14:59  
Blogger Maria Faia disse...

Caro MGomes,
Ainda bem que visitou este apeadeiro...
Ele pretende ser um espaço de liberdade, onde a poesia da vida marque presença e a denúncia da injustiça constitua uma "batalha" individual e colectiva.
Cordialmente,
Maria Faia

18 de abril de 2007 às 15:20  
Anonymous Anónimo disse...

Maria faia, faz-me lembrar uma FLOR...pois é lá estou a escrever porque as ordens são para cumprir não mesmo assim chefe!? lolololol...
aqui vão algumas palvras pouco inspiradas...
mulher guerreira, energica e com uma força inspiradora incrivel!!!
um exemplo de Ser Humano de sensibilidade e altruismo encantador...como disse Madre Teresa "...enquanto estiveres viva, sente-te viva. Se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo. Não vivas de fotografias amarelecidas...." sê você mesma e semearás!
beijo semeado

18 de abril de 2007 às 18:31  
Anonymous Anónimo disse...

Maria Faia,
Menina, também Senhora,numa palavra: Mulher!!
Também fruto dessa semente Homem, seu avô...também Mãe.
Germina com essa tua força, nos homens de menos fé...a Liberdade; a Esperança, a Igualdade....não importa as adversidades, as lutas!!

Continua AMIGA!!!!SEMPRE!,

a espalhar o teu brilho , do cantinho do olho que só a retina de alguns capta...
mas acima de tudo continua a ser semente....
e essa será a tua maior vitória, sempre acolhida no campo fértil, e nunca perdida nos outros...

Bj cúmplices (na semente da amizade verdadeira)

18 de abril de 2007 às 19:44  
Blogger Maria Faia disse...

Minha querida Amiga Manecas,
Para quem não tem inspiração...
Imagina se estivesses com a veia toda!!!
Agora, falando sério. São bondade tua os adjectivos. Mas, não me compares à Madre Teresa... Eu amo a vida e os outros de forma diferente e, achas que daria uma boa freira?! Essa nem em sonhos malucos. Punha qualquer covento de pernas para o ar... Havia de ser bonito!!!
Obrigado pela tua presença sempre amiga e bem disposta.
Beijo grandeeeeeeeeee

18 de abril de 2007 às 20:01  
Blogger Maria Faia disse...

Querida Amiga Paula,

Continua tu também a ser a linda semente de Alegria, Liberdade e Verdade que sempre conheci em ti.
Essa irreverência fica-te bem e dá à vida um sabor mais caloroso.
Beijo Amigo para ti, sempre.

18 de abril de 2007 às 20:05  
Blogger Maria Romeiras disse...

Bons valores, tinha que vir aqui, o teu nick é demasiado forte... Sorrio porque encontro posts positivos e com rumo. Também, uma escrita introspectiva e doce, feita de memórias assumidas e valores válidos. Campo de Liberdade é uma belíssima imagem. Lá havemos de chegar! Um abraço.

18 de abril de 2007 às 23:45  
Blogger Maria Faia disse...

Viva CitizenMary,
É uma honra para mim a tua visita e, sobretudo, o teu comentário, vindo da autora de um blog com uma qualidade e conteúdo excelente.
Eu ainda sou cassula, como se diz lás para as bandas africanas que me viram e ajudaram a crescer, desde que me "roubaram" aos campos do meu Avô.
Continuaremos a cruzar-nos pela blogosfera...
Beijo agradecido.
Maria Faia

18 de abril de 2007 às 23:59  
Anonymous Anónimo disse...

Bom Dia Maria

Gostei essencialmente da forma como conseguis-te transmitir o teu regresso ao passado.
O teu impulso interior levou-nos a um momento de leitura muito bonito, porque penso que os sentimentos são a parte essencial da nossa natureza.
Gostei particularmente de saber que ainda hoje o teu avô está presente no teu coração , mas é natural, já que Ele era um homem simples, meigo e engenhoso como tu referes.
Imagino-o um autodidata que aprendeu a psicologia com a vida, com as lutas que teve de travar no dia dia para sobreviver, com todos os perigos que teve de ultrapassar.
Por certo, nunca ouviu falar de Sigmund Freud ou de um Alfred Adler ,tudo o que sabia era fruto do seu trabalho.
Não escreveu um livro...foi humilde!
Estou plenamente convicta que foi um GRANDE HOMEM.

PARABÉNS!

19 de abril de 2007 às 11:53  
Anonymous Anónimo disse...

Querida amiga Maria Faia,

Parabéns mais uma vez pelo seu belíssimo texto.
Já me fazia falta deixar-me envolver nas suas palavras sempre tão sábias e oportunas.
De facto fiquei deliciada com as suas belas palavras e com o tema, que me fez reviver tempos passados que recordo com muitas saudades.
Regressei com prazer à minha infância e ao meu querido Alentejo.
Lembro-me dos muito passeios pelos campos da minha pequena aldeia com a minha adorada e saudosa avó materna.
Recordo e fazem-me muita falta as cores, os cheiros e os sons do campo.
Recordo também a simplicidade e pureza das gentes da minha aldeia que tanto carinho me dedicavam.
Nos dias de hoje necessito cada vez mais desse oxigénio para conseguir respirar e viver em paz e harmonia.
Infelizmente nos nossos dias é cada vez mais difícil viver em sociedade, porque enquanto alguns purificam o ar que os rodeia e espalham o Bem à sua volta, contribuindo para o bem estar e a felicidade dos outros, existem outros seres que só vivem para poluir esse mesmo ar e destruir a harmonia e espalhar o Mal à sua volta.
Foi muito bom regressar ao passado, do qual devemos beber o bom e recordar os momentos felizes.Do passado devemos também tirar lições para corrigir erros a evitar no futuro.Acima de tudo devemos viver o hoje porque o aqui e o agora é o mais importante.
Além disso, como eu já escrevi um dia num poema que lhe envio
" O AMANHÃ SERÁ APENAS O RASCUNHO DO ONTEM QUE HOJE FOI PASSADO A LIMPO"

ONTEM, HOJE e AMANHÃ

Ontem foi a inocência e a pureza
Ontem foi o sol, a chuva e o arco-íris
Ontem foi a gargalhada fácil e o chapinhar nas poças de água
Ontem foi a ternura dos primeiros anos
Ontem foi o sono, o sonho e a bola colorida

Hoje é o aqui e o agora
Hoje é o amar, o desgostar, até mesmo o odiar
Hoje é a certeza, depois a dúvida e mais tarde a decisão
Hoje é o absoluto, o relativo, e por fim apenas a realidade
Hoje é o sentir, o respirar, o viver

Amanhã será um novo sonho de esperança
Amanhã será tudo o que já sonhámos
Amanhã será de novo tudo o que quisermos
Amanhã voltará tudo o que já perdemos

O Amanhã
Será apenas o rascunho do ontem
que hoje foi passado a limpo



Mil beijos
MARA CARVALHO

19 de abril de 2007 às 13:12  
Anonymous Anónimo disse...

Tal como tu também tive um Avô, que lavrava,semeava,seifava e debulhava, com ele aprendi, a andar, a ler, a escrever, a fiar a lã e até a saber ouvir os sons da Natureza,os pássaros, os grilos, os ralos e tantos outros, este post. fez-me voltar ás minhas origens como é bom voltar á infância...
Parabens

19 de abril de 2007 às 13:20  
Anonymous Anónimo disse...

Parabens Maria Faia (ou Faia Maria)
pelo seu blog e temas nele abordados.

Também eu,transmontana nata, me revejo no artigo que dedica ao seu avó.

Parabéns também pelos agradáveis comentério que tem recebido.
Continuarei atenta ao desenvolvimento deste seu.espaço original
Bjs

BVD

20 de abril de 2007 às 00:07  
Blogger Maria Faia disse...

Olá Edite,
Tens toda a razão: os sentimentos são essenciais à vida. São eles que nos dão força e alento para seguir em frente, ultrapassando todos os obstáculos com que nos vamos deparando pelo caminho. São a Amizade e a fraternidade que podem transformar este mundo em que vivemos num lugar mais digno, pacífico e são.
O meu avô foi, de facto, um grande Homem. Um Homem que viveu com alegrias e tristezas mas que, essencialmente até aos meus seis anos de idade, me conseguiu passar valores essenciais à minha formação humana. Por isso, até hoje, ele tem sido uma referência na minha vida. Foi, na verdade, um homem que sem ter estudado Freud, Adler, Rousseau, Descartes, Espinoza ou qualquer outro, viveu toda a sua vida em harmonia consigo, com os outros e com o seu meio, transmitindo energia e ensinamentos que guardo até hoje.
A sua filosofia era a filosofia da vida vivida…
Beijo para ti.

20 de abril de 2007 às 20:23  
Blogger Maria Faia disse...

Olá Mara,
Fico feliz por ter tido a oportunidade de lhe proporcionar tal encantamento. É sempre muito bom reviver os momentos felizes das nossas vidas e eu, embora não sendo alentejana (mas gostando muito do Alentejo), guardo na memória lembranças preciosas da minha infância cá para os lados de Alcobaça.
Felizmente que, ainda hoje posso sentir os cheiros do campo e o carinho das gentes da minha aldeia, embora tudo seja bem diferente.
Quero felicitá-la vivamente pela veia poética que fez o favor de revelar neste meu espaço. Gostei muito e espero que continue a dar asas a esse talento natural. Sabe que, para mim, a poesia é uma forma especialíssima de comunicação. A poesia e o gesto, o olhar e o manifesto…
Beijo de bom fim de semana.

20 de abril de 2007 às 20:34  
Blogger Maria Faia disse...

Olá XReis,
Obrigado por ter parado um pouco neste apeadeiro. Ele ainda é de muito tenra idade mas conta com a ajuda de todos os amigos para aprender a crescer.
Saber ouvir os sons da natureza é uma arte que poucos conhecem. Se assim não fosse não haveria tanta gente a maltratar o nosso meio ambiente.
Um beijo e… até logo.

20 de abril de 2007 às 20:39  
Blogger Maria Faia disse...

Minha querida amiga BVD,
Foi com alegria que li o seu comentário. Na verdade, a opinião dos meus amigos CONTA.
Continuaremos por cá e… também por lá.
Um beijinho e Bom fim de semana.

20 de abril de 2007 às 20:42  

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